Tendência temporal da variação de peso após 20 anos de idade em adultos no Brasil: Vigitel (2006-2012)

Autora: Karine Maria de Melo Brebal

Data da defesa: 29/03/2018

Banca examinadora:

Prof. Dr. Jonas Augusto Cardoso da Silveira - coorientador/presidente

Profª Drª Risia Cristina Egito de Menezes - examinadora

Prof. Dr. João Araújo Barros Neto - examinador

Resumo geral:

Este trabalho se propõe a contribuir com a discussão sobre a variação de peso após 20 anos de idade em adultos no Brasil no período de 2006 a 2012. Para tal, está estruturado em 2 capítulos: Revisão da Literatura e Artigo Original. A Revisão da literatura, narrativa, com os temas: Tendência Secular Mundial do Excesso de Peso e Obesidade; Fatores associados ao Ganho de Peso nos ciclos da Vida; Consequências do Excesso de Peso no âmbito da saúde pública e Estratégias para promoção da saúde e prevenção da obesidade. O artigo científico original intitulado “Tendência temporal da variação de peso após 20 anos de idade em adultos no Brasil: Vigitel (2006-2012)”, que tem como objetivo avaliar a tendência temporal da variação do ganho de peso variação do estado nutricional após 20 anos, na população adulta brasileira no período de 2006 a 2012, baseada nos dados do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL), no período de 2006 a 2012. Sendo este inquérito um delineamento transversal com amostra probabilística, realizado anualmente nas 26 capitais brasileiras com indivíduos acima de 18 anos, com amostra populacional composta por 191.553 indivíduos ambos os sexos, foram excluídos dados de gestantes (n=2976), jovens com <21 anos (n=23229) e idosos (n=72012), além de valores biologicamente implausíveis ou caracterizados por condição extrema, excluímos os indivíduos com IMC <16kg/m², tendo como referencial critério diagnóstico (DSM-V) para internação decorrente de transtornos alimentares (n=9447), e aqueles que apresentaram IMC ≥ 6 desvios-padrão (n=703) da distribuição padronizada (μ = 0; σ = 1 DP). A faixa etária analisada foi de 21 a 59 anos. As variáveis de desfecho foram à variação de peso (kg), calculada pela diferença entre o peso na ocasião do inquérito e aos 20 anos de idade, a variação relativa do ganho de peso (%) e a mudança de estado nutricional, levando em consideração o ponto de corte da OMS para o IMC, calculado por meio da divisão do peso (kg) pela altura (m) ao quadrado, expresso em kg/m2. Os indivíduos que apresentam IMC < 25,0 kg/m2 foram classificados como eutróficos, aqueles com IMC entre 25,0 e 30,0 kg/m2, sobrepeso, e IMC ≥ 30,0 kg/m², obesos. A mudança de estado nutricional foi estabelecida comparando a classificação do estado nutricional aos 20 anos com o atual; as análises foram estratificadas em três períodos (2006 a 2008; 2009 a 2010 e 2011 a 2012) e por faixa etária (21 – 24, 25 – 29, 30 – 34, 35 – 44, 45 – 59 anos) seguindo as mesmas categorizações da 2008/09 IBGE. Todos os procedimentos de união, tratamento e analise foram realizados pelo software Stata 13.0 (Stata Corp., College Station, EUA), utilizando-se o conjunto de comandos svy (survey comands), levando em consideração os efeitos de estratificação e agrupamento derivados do delineamento amostral complexo, além de ponderação da amostra. Calculou-se a média/ano estudado em função das variáveis sociodemográficas (região, idade, cor da pele, escolaridade), sendo os resultados expressos com seus respectivos erros padrão (EP) por sexo. A tendência temporal foi analisada por meio de regressão linear, apresentando-se o coeficiente de regressão com seu respectivo valor de p. Em relação à região de residência, indivíduos das regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste apresentaram maior aumento absoluto entre os homens foi de 1,5 kg (14,8%), entre as mulheres foi de 3,2 kg (38,5%). A média de ganho de peso entre os menos escolarizados foi maior tanto em 2006 quanto em 2012. Dentre os homens, o maior incremento por faixa etária identificado foi o aumento de ganho de peso (2,8 e 1,5 kg/faixa etária) que ocorreu entre as idades de 21-24 e 30-34 anos, em 2006, respectivamente. Porém, em 2012, o aumento foi 3x maior, sendo de 3,8 kg o aumento da diferença média de ganho de peso entre as faixas etárias de 21-24 e 30-34 anos e de 1,2 kg entre 30-34 e 45-59 anos. Em relação às mulheres a faixa etária dos 25-29 anos foi aquela que apresentou maior VPA (70,0%), seguida pela dos 30-34 anos (56,0%). Enquanto em 2006 a diferença no ganho de peso entre as duas faixas etárias mais jovens foi de 2,3 kg, a partir da faixa etária de 25-29 anos (3,5 kg), em 2012, a diferença entre as faixas etárias 21-24 e 25-29 anos teve um aumento de 5,1 kg. Em relação aos indivíduos que estavam eutróficos aos 20 anos de idade, mais de 81% apresentaram o mesmo estado nutricional na ocasião da pesquisa, independentemente do sexo e da faixa etária, em todos os intervalos analisados. Concluímos que a tendência de ganho de peso entre os adultos no Brasil é ascendente, independentemente de sexo, cor da pele e escolaridade. Ressalta-se ainda que os indivíduos que chegam à idade adulta no estado nutricional de eutrofia se mantem nesta condição até a idade mais avançada, o que evidencia a importância de politicas públicas que incentivem a manutenção da eutrofia desde a infância.
Palavras-chave: Obesidade; Índice de Massa Corporal; Variação de peso.

Trabalho completo disponível em breve.