Prevalência e tendência temporal do excesso de peso em mães de crianças menores de cinco anos do Estado de Alagoas

Autor: Ricardo Paulino Nakano

Data da defesa: 31/03/2017

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Haroldo da Silva Ferreira - FANUT/UFAL - orientador

Profª Drª Ana Paula Grotti Clemente - FANUT/UFAL - examinadora

Profª Drª Sabrina Joany Felizardo Neves - ESENFAR/UFAL - examinadora

Resumo Geral:

O excesso de peso, definido por Índice de Massa Corporal (IMC) ≥25 kg/m2, tem sido amplamente usado em estudos de base populacional como indicador de sobrepeso/obesidade. Trata-se de uma condição que se constitui num dos principais problemas de saúde pública mundial, afetando 39,0% da população adulta, o que equivale a 1,9 bilhões de pessoas nos diferentes estratos sociais. No Brasil, segundo dados da VIGITEL, a prevalência de excesso de peso atinge cerca de 55% da população, sendo que, destes, 18% representam casos de obesidade. Estes dados são preocupantes, pois o excesso de peso possui forte relação com doenças crônicas não transmissíveis, como o diabetes mellitus tipo 2 e doenças cardiovasculares, sendo esta a principal causa de mortalidade no Brasil. Em mulheres, essa condição pode ser ainda mais preocupante, podendo ocasionar outros tipos de enfermidades como câncer de colo uterino, ovário e mama. Entre as mulheres brasileiras, a prevalência de excesso de peso apresentou considerável incremento no período de 1974-1975 a 2008-2009, passando de 28,7% para 48,0%. Já a obesidade (IMC≥30 kg/m2), especificamente, mais do que dobrou sua prevalência no mesmo período, passando de 8,0% para 16,9% . Alagoas é um estado do Nordeste brasileiro que se caracteriza por apresentar os piores indicadores socioeconômicos e de saúde do País. Estudos mais recentes têm sugerido que a prevalência de excesso de peso tem sido incrementada de forma mais intensa sobre os estratos mais pobres da população. Todavia, nenhum estudo fora realizado sobre a evolução temporal desse agravo na população adulta feminina de Alagoas e, especificamente, envolvendo mães de préescolares, embora diversos estudos com mulheres de modo geral evidenciem uma associação entre excesso de peso com características reprodutivas. Visando preencher essas lacunas e
contribuir com a discussão dessa problemática, realizou-se a presente dissertação, a qual está constituída por um capítulo de revisão da literatura e por um artigo original. Este teve por objetivo investigar a prevalência, a tendência temporal e os fatores associados ao excesso de peso em mães de crianças menores de cinco anos do estado de Alagoas. Trata-se de um estudo de série temporal utilizando dados do I e II Diagnóstico de saúde da população materno infantil do estado de Alagoas, realizados, respectivamente, em 2005 e 2015. No ano de 2005 foram avaliadas 1.436 mães e em 2015 avaliou-se 690. O excesso de peso foi definido por IMC ≥25,0 Kg/m². A obesidade abdominal foi identificada por circunferência da cintura (CC) >80cm. O percentual de gordura corporal (%GC) foi estimado por meio de Bioimpedância elétrica (BIA) assumindo-se o ponto de corte ≥33% para definir o excesso de gordura corporal. Para expressar as modificações ocorridas nas prevalências das variáveis analisadas entre os dois inquéritos, utilizou-se a seguinte equação: ((P2-P1)/P1 × 100)), na qual P1 é a prevalência de 2005 e P2 é a prevalência de 2015. Para definição dos fatores associados à ocorrência do excesso de peso, foram investigadas as variáveis socioeconômicas, demográficas, de saúde e de estilo de vida (variáveis independentes). As associações com as variáveis independentes que na análise bruta obtiveram p<0,2 (qui-quadrado), foram submetidas a análise multivariável (regressão de Poisson com ajuste robusto da variância). Entre 2005 e 2015 houve evolução percentual positiva e significante em todos os parâmetros avaliados: 33,2% na prevalência de excesso de peso (42,8% vs. 57,0%), 59,2% nos valores referentes à obesidade abdominal (33,6% vs. 53,5%) e 31,0% na prevalência de %GC elevado (22,9% vs. 30,0%). Os fatores independentemente associados ao excesso de peso e à obesidade abdominal foram a idade mais elevada, menarca precoce e maior paridade. O mesmo observou-se para o %GC elevado, exceto pela perda da significância para a variável menarca precoce. As altas prevalências e as variações crescentes de excesso de peso, obesidade abdominal e %GC são preocupantes e revelam a necessidade da implementação de ações de prevenção e controle. Estudos tais como o ora apresentado são importantes a fim de monitorar a evolução do problema e contribuir para o planejamento de políticas públicas adequadas. 

Palavras-chave: transição nutricional, sobrepeso, obesidade, mães, inquéritos epidemiológicos

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