Evolução temporal (2005-2015) da prevalência do excesso de peso: estudo de base populacional com pré-escolares do Estado de Alagoas, Brasil

Autora: Gabriela Tenório Albuquerque Casado

Data da defesa: 21/03/2018

Banca examinadora:

Prof. Dr. Haroldo da Silva Ferreira - orientador/presidente

Profª Drª Thatiana Regina Fávaro - examinadora

Profª Drª Ana Paula Grotti Clemente - examinadora

Resumo geral:

Em pré-escolares, o excesso de peso é definido por escore z do IMC-i > 2 desvios padrão e tem sido amplamente usado em estudos de base populacional como indicador de sobrepeso/obesidade. Trata-se de uma condição que se constitui como uma epidemia mundial, afetando em 2010 cerca de 6,7% da população de pré-escolares e estima-se que esse valor deve aumentar e chegar a atingir 9,1% em 2020. No Brasil, segundo dados da PNDS, a prevalência de excesso de peso atinge cerca de 7,8% das crianças. Estes dados são preocupantes, pois a obesidade infantil possui consequências a curto e longo prazo, como complicações respiratórias, desordens ortopédicas, diabetes, hipertensão arterial, dislipidemias e distúrbios psicossociais. Nas últimas três décadas, o excesso de peso em crianças vem se apresentando com uma prevalência exponencialmente maior e tem tido seu início em faixas etárias cada vez mais precoces, sendo plausível que este problema se torne ainda mais preocupante nas próximas décadas. A prioridade à atenção da saúde nessa fase da vida é vital, visto que nela que se constrói um alicerce de uma melhor qualidade de vida no futuro. Alagoas é um estado do Nordeste brasileiro que se caracteriza por apresentar os piores indicadores socioeconômicos e de saúde do País. A identificação do estado nutricional das crianças, vivendo em diferentes condições socioeconômicas, é fundamental para o desenvolvimento e avaliação de políticas públicas voltadas à promoção e prevenção em saúde. Todavia, poucos estudos têm avaliado a evolução do excesso de peso em crianças. Visando preencher essas lacunas e contribuir com a discussão dessa problemática, realizou-se a presente dissertação, a qual está constituída por um capítulo de revisão da literatura e por um artigo original. Este teve por objetivo investigar a tendência temporal e os fatores associados à prevalência do excesso de peso em crianças menores de cinco anos do estado de Alagoas. Trata-se de um estudo de série temporal utilizando dados do I e II Diagnóstico de saúde da população materno infantil do estado de Alagoas, realizados, respectivamente, em 2005 e 2015. No ano de 2005 foram avaliadas 1.385 crianças e em 2015 avaliou-se 994. O excesso de peso foi definido por escore z do IMC-i > 2 desvios padrão. Para expressar as modificações ocorridas nas prevalências das variáveis analisadas entre os dois inquéritos, utilizou-se a seguinte equação: ((P2-P1)/P1 × 100)), na qual P1 é a prevalência de 2005 e P2 é a prevalência de 2015. Para definição dos fatores associados à ocorrência do excesso de peso, foram investigadas as variáveis socioeconômicas, demográficas, de saúde e maternas (variáveis independentes). As associações com as variáveis independentes que na análise bruta obtiveram p<0,2 (qui-quadrado), foram submetidas a análise multivariável (regressão de Poisson com ajuste robusto da variância). Entre 2005 e 2015 houve evolução percentual positiva e significante relação às prevalências de excesso de peso em crianças. O excesso de peso passou de 7,8% para 15,4% (RP=1,97; IC95%: 1,56-2,49) constituindo um incremento da ordem de 97,4%. Os fatores independentemente associados ao excesso de peso escolaridade materna (>8 anos), um indicador de melhor condição socioeconômica e o excesso de peso materno (IMC ≥ 25 kg/m2). A alta prevalência e as variações crescentes de excesso de peso, são preocupantes e revelam a necessidade da implementação de ações de prevenção e controle. Estudos tais como o ora apresentado são importantes a fim de monitorar a evolução do problema e contribuir para o planejamento de políticas públicas adequadas.
Palavras-chave: transição nutricional, excesso de peso, obesidade, pré-escolares, inquéritos epidemiológicos.

Trabalho completo disponível em breve.