Efetividade do Programa Nacional de Suplementação de Ferro: estudo de base populacional com lactentes de 6 a 18 meses do Estado de Alagoas

Autora: Monique Suiane Cavalcante Calheiros

Data da defesa: 06/04/2017

Banca examinadora

Orientador: Prof. Dr. Haroldo da Silva Ferreira

Coorientadora: Profª Drª Mônica Lopes Assunção

Examinadora: Sabrina Joany Felizardo Neves

Examinadora: Thatiana Regina Favaro

Resumo Geral:

Diversas são as causas de anemia, dentre elas, às oriundas de carência de nutrientes, sendo a deficiência de ferro responsável por cerca da metade dos casos no mundo. Crianças menores de dois anos, gestantes, mulheres pós-parto e pós-aborto são grupos biológicos especialmente susceptíveis a esse agravo nutricional. Devido à sua alta prevalência, suas consequências e a existência de medidas eficazes de prevenção e controle, tem recebido atenção prioritária por parte de gestores de saúde pública em todo o mundo. No Brasil, em 2005, foi implantado o Programa Nacional de Suplementação de Ferro (PNSF), constando de ações de educação nutricional, fortificação de alimentos e suplementação profilática com sulfato ferroso. Decorrida mais de uma década de sua existência, a anemia ainda mantém altas prevalências no País e, em especial, em Alagoas, um dos estados que se distinque por apresentar os piores indicadores socioeconômicos dentre os demais estados brasileiros. No intuito de abordar essas questões, realizou-se a presente dissertação, a qual está constituida de um capítulo de revisão da literatura e um artigo original. A revisão da literatura contemplou aspectos relacionados à anemia tais como conceito, diagnóstico da anemia ferropriva, fatores associados, epidemiologia, estratégias de prevenção e controle e, finalmente, discorre sobre aspectos relacionados ao PNSF. O artigo original teve por objetivo avaliar a efetividade do PNSF no estado de Alagoas. Trata-se de um estudo transversal envolvendo amostra probabilística de crianças de seis a 18 meses, por meio de inquérito domiciliar realizado em 2014. A avaliação da efetividade do PNSF seguiu modelo adaptado daquele preconizado por Donabedian. Especificamente, foram avaliados aspectos relacionados ao processo (cumprimento das atividades previstas no âmbito do Programa) e aos resultados obtidos (mudanças produzidas sobre os beneficiários diretos da ação). Para a avaliação do processo, as mães das crianças foram entrevistadas seguindo roteiro padrão estabelecido em formulário semiestruturado, constando questões a respeito de aspectos relacionados às ações previstas pelo Programa. Já a avaliação dos resultados foi realizada por meio da análise da tendência temporal da prevalência de anemia (hemoglobina <11g/dL), para o que, além da presente investigação, utilizaram-se dados de um inquérito semelhante realizado em 2005. A variação ocorrida entre os dois estudos foi expressa de forma percentual e pela razão de prevalência (RP) e respectivo intervalo de confiança de 95% (IC95%), calculados por regressão de Poisson com ajuste robusto da variância. A cobertura do Programa (número de crianças que receberam sulfato ferroso nos últimos três meses) foi considerada baixa (20,5%) e a taxa de adesão ao uso do suplemento (tendo recebido, estavam fazendo uso), também foi baixa (47,9%). Houve maior proporção de mães que receberam sulfato ferroso (39,6%) entre aquelas cujos filhos tinham histórico de anemia. As prevalências de anemia em 2005 e 2014 foram, respectivamente, 69,9% e 44,4% (-36,5%; RP=0,64; IC95%: 0,53-0,76). Concluiu-se que houve declínio importante da prevalência de anemia, mas não o suficiente para descaracterizá-la como grave problema de saúde pública. Baixas taxas de cobertura e de adesão podem explicar parte da pouca efetividade do PNSF em Alagoas, assim como a falta de orientação às mães. O uso do sulfato ferroso com objetivo de tratamento parece ter prioridade em relação ao seu emprego de forma preventiva, tal como é preconizado nas normas do PNSF.

Palavras-chave: Avaliação em Saúde; Saúde Pública; Programas Nacionais de Saúde; Suplementação Alimentar; Anemia; Brasil.

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