Prevalência de desnutrição em crianças moradoras de favelas e sua associação com o estado nutricional materno e os fatores sócio-ambientais - Maceió 2008

Autora: Kátia Betina Rios Silveira

Data da defesa: 24/04/2009

Banca examinadora:

Profª Drª Telma Maria de Menezes Toledo Florêncio – FANUT/UFAL - orientadora

Prof. Dr. Cyro Rêgo Cabral Júnior - FANUT/UFAL - examinador

Prof. Dr. Cláudio Fernando Rodrigues Soriano - UNCISAL - examinador

Resumo Geral:

A desnutrição energético-protéica, segundo a Organização Pan-Americana de Saúde, é a forma mais letal de má nutrição no mundo, mas apesar de sua prevalência ter diminuído no Brasil, principalmente no Nordeste, observa-se que devido às diferenças sociais tal agravo continua a ser um relevante problema de saúde pública, especialmente em alguns bolsões de pobreza localizados nas periferias das grandes cidades. Por sua vez, a baixa estatura, resultante da desnutrição crônica ocorrida na fase intra-uterina e/ou na primeira infância, encontra-se intimamente associada à obesidade na vida adulta. Condições biológicas e socioambientais inadequadas comumente encontradas nessas populações de baixa renda parecem ser determinantes na associação entre a alta prevalência de desnutrição infantil e baixa estatura materna. Com base nas informações obtidas referentes a essa associação, este estudo teve como objetivo avaliar a influência dos determinantes maternos sobre o estado nutricional das crianças. Trata-se de um estudo transversal, de base domiciliar, em famílias residentes na 7ª Região Administrativa de Maceió-Alagoas. Foram avaliadas 2075 mães compreendidas na faixa estaria de 18 a 45 anos e nas crianças entre 4 meses e 6 anos de idade. A 7ª região foi escolhida através de uma análise de clusters, a qual apresentou o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), posteriormente, as favelas desta região foram agrupadas segundo a média de renda per capta de seus habitantes. A estatística analisou as razões de chance (Odds Ratio brutas) de uma criança ser desnutrida através da regressão univariada, testando quais variáveis maternas estaria mais associada com esta desnutrição. Como resultado, verificou-se que a desnutrição infantil associou-se a idade, escolaridade materna, revestimento de piso, origem da água, tipo da residência e seu número de cômodos, além de baixo peso ao nascer (<2.500g) naquelas crianças com idade inferior a 24 meses; da mesma forma, à baixa estatura da mãe, quando acompanhada da desnutrição ou excesso de peso. Observa-se que do total de crianças, 8,62% apresentaram desnutrição moderada e grave, enquanto para o diagnóstico de sobrepeso/obesidade encontrou-se 11,31% das mesmas. No tocante às mães, 38,9% eram baixas e 45,62% apresentavam maior peso. Ao analisar as condições socioeconômicas, observa-se que quase todas as variáveis associaram-se significativamente (p<0,05) ao déficit nutricional, com destaque para “escolaridade materna”, a qual demonstrou que mães com número igual ou inferior a quatro anos de estudo apresentavam aproximadamente um risco três vezes maior (2,6) de ter uma criança desnutrida do que mães alfabetizadas (≥4 anos). Adicionalmente, as variáveis “revestimento de piso”, “origem da água” e “número de cômodos por residência” foram determinantes no diagnóstico da desnutrição, sendo a de maior significância “tipo de residência” (p=0,01); isto é, uma casa feita de madeira, lona, papel, entre outros. No que concerne às características da criança, constatou-se que crianças com idade inferior a 24 meses e que nasceram com baixo peso (<2.500g) apresentavam maior susceptibilidade ao comprometimento de seu estado nutricional. Quanto às variáveis antropométricas maternas, estas também se encontraram relacionadas à desnutrição infantil (p<0,05). A idade materna se correlacionou fortemente (p=0,006), seguida da estatura, não havendo correlação com o IMC. Ao analisar as mães com estatura inferior a 1,55m, observou-se que a baixa estatura representou o mais que o dobro de risco para a desnutrição de seus filhos. Em relação à estatura e o IMC verifica-se que o excesso e/ou déficit de peso isoladamente não se associaram significativamente ao déficit nutricional da criança. Porém, quando na presença da baixa estatura esta associação foi altamente significativa (p<0,01) com valores de OR iguais a 2,61 e 2,42 respectivamente.

Palavras-chave: Desnutrição energético-protéica; Estado nutricional materno; Fatores socioambientais.

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