Papel da resiliência e do transtorno mental comum materno na desnutrição infantil: estudo caso - controle

Autor: José Roberto dos Santos

Data da defesa: 31/03/2016

Banca examinadora:

Prof. Dr.  Claudio Torres de Miranda – FANUT/UFAL - orientador

Prof. Dr.  Nassib Bezerra Bueno- FANUT/UFAL - examinador

Profª Drª  Ângela Cristina Dornelas da Silva- UFPB - examinadora

Resumo Geral:

A desnutrição infantil é um problema multifatorial de prevalência diversificada em países, culturas, populações e famílias, também é considerada como um problema de saúde publica em países em desenvolvimento como no Brasil, desde a década de 1970 a desnutrição vem apresentando uma redução expressiva até os dias atuais. Este resultado vem sendo contemplado por diversas mudanças ocorridas como: melhoria da economia do país; proporcionando um aumento na renda familiar, participação da população de baixa renda aos programas sociais de transferência de renda, melhor acesso aos serviços de saúde e aumento na escolaridade materna. Apesar da expressiva redução da desnutrição infantil em sua forma crônica (escore < - 2 desvios padrão em relação ao índice A/I da OMS), No Brasil ainda persistem a desnutrição na infância, em menor grau, em bolsões de pobreza nas grandes cidades e na região norte e nordeste do Brasil, principalmente no semiárido devido a fatores como a pobreza e vulnerabilidade social, em que as famílias convivem, e a presença de precária qualidade no cuidar das crianças, além de Transtorno Mental Comum presente nas mães, sendo estes fatores condicionantes para a desnutrição na infância, mas diante dessas adversidades pode-se encontrar crianças sem evidencias de desnutrição crônica vivendo em um ambiente vulnerável para desnutrição, assim busca-se investigar o motivo destas crianças apresentarem um bom estado nutricional diante de risco psicossocial. Para compreender este fenômeno buscou-se investigar a possível relação entre resiliência materna com o estado nutricional de crianças na faixa etária de três a cinco anos de idade e a relação da resiliência materna com a saúde mental das mães destas crianças. Esta dissertação busca informar, através de um Capítulo de Revisão, informações acerca da desnutrição infantil, da resiliência e da saúde mental materna associada à desnutrição crônica na infância. No capítulo, a resiliência vem apresentada como sendo a capacidade que o individuo, família ou comunidade tem de enfrentar as adversidades da vida diante de situações de risco psicossocial, superando as situações desvantajosas para o sucesso na vida. Também se buscou relatar sobre a influencia da resiliência nas mães que enfrentam adversidades no ciclo de suas vidas e apresentam bom estado de saúde mental, que influencia na relação do cuidado com a criança gerando bom vinculo e desenvolvimento infantil, assim como a saúde mental materna como fator protetor da desnutrição, quando as mães apresentam Transtorno Mental Comum (TMC) negativo. Pesquisas recentes destacam que a exclusão social e a pobreza são adversidades crônicas que podem comprometer o potencial dos sujeitos envolvidos, principalmente de mães mais jovens e que a presença de TMC positivo nas mães é um fator relevante para o surgimento da desnutrição crônica na infância. Em relação ao artigo original, ele trás informações acerca de um estudo Caso-Controle com uma amostra final de 110 pares mãe-criança sendo: 55 pares mãe-criança eutrófica (caso) sem irmãos desnutridos e 55 pares mãe-criança desnutrida (controle) que buscou compreender a associação da resiliência materna com o estado nutricional das crianças e a associação da resiliência materna com o estado de saúde mental materno. Foram avaliados a resiliência pelo questionário Connor-Davidson Resilience Scale (CD-RISC-10), e o Transtorno Mental Comum Materno pelo Self Report Questionnaire (SRQ-20), além das variáveis socioeconómicas. Na análise estatística foi realizado o teste de Lilliefors para a normalidade da distribuição das variáveis; teste de Levene para homogeneidade das varianças; o teste do qui-quadrado ou exato de Fisher para a comparação entre a distribuição de dois grupos independentes e o teste “t” de Student. As variáveis que apresentaram um valor de p < 0,20 foram selecionadas para análise de regressão logística multivariada tendo como variável dependente o estado nutricional infantil. Na regressão univariada para todas as análises foi adotado um valor de alfa de 5 %. As mães do estudo apresentaram média de idade de 28,69 anos e desvio padrão (± 7,07) e para a idade das crianças foram de 48,44 meses (± 9,46). A prevalência de TMC nas mães do grupo eutróficos foram de (39,6%) e no grupo desnutridos foram de (60,4%). Na análise univariada o TMC apresentou associado ao estado nutricional infantil com um valor de χ2 = 4,406 e p = 0,036, apresentando uma boa saúde mental como fator de proteção, porem quando realizou a regressão logística para este estudo, não houver associação, assim como também não houve associação com a resiliência e o estado nutricional infantil IC:95% (0,931-1,053) e p = 0,760. A resiliência e o TMC não apresentaram associação com estado nutricional das crianças do estudo, necessitando de mais pesquisas.

Palavras-chave: Resiliência, Desnutrição, Saúde Mental.

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