Estado nutricional e fatores de risco em mulheres adultas: um estudo comparativo com descendentes quilombolas e a população do Estado de Alagoas, Brasil

Autor: Wcleuton Oliveira Silva

Data da defesa: 31/03/2010

Banca examinadora:

Prof. Dr. Adriano Eduardo Lima Da Silva – FANUT/UFAL - orientador

Prof. Dr. Amandio Aristides Rihan Geraldes - CEDU/UFAL - examinador

Prof. Dr. Gilberto Kac - UFRJ - examinador

Resumo Geral:

A obesidade vem crescendo gradativamente em locais anteriormente pouco prevalentes, inclusive naqueles de baixa renda. O presente estudo foi realizado em comunidades quilombolas com o objetivo de comparar a prevalência dos fatores de riscos para doenças cardiovasculares entre mulheres dessas comunidades e de dados retrospectivos de um grupo de mulheres adultas participantes do diagnóstico Materno-infantil do Estado de Alagoas, tido como grupo de referência. Participaram desse estudo, 1665 mulheres quilombolas de 41 comunidades cadastradas na Secretaria do Estado da Mulher, da Cidadania e dos Direitos Humanos e 1158 mulheres do grupo de referência. Analisou-se a massa corporal, a estatura, o índice de massa corporal (IMC), a circunferência da cintura (CC), a relação da cintura pelo quadril (RCQ) e o percentual de gordura como indicadores de risco a desenvolver doenças cardiovasculares. Para o tratamento dos dados, foi utilizada a estatística descritiva, medidas de prevalências, razão de prevalências (RP) ajustadas pelos quartis da idade e teste de diferença entre os grupos (p<0,05). Verificou-se uma maior prevalência de risco para os pontos de corte da CC e RCQ (CC ≥ 80 cm e RCQ  ≥ 0,85) nas mulheres quilombolas do que nas mulheres de referência (CC:56,27% vs 34,45%; RCQ:51,3% vs 24,32%,  respectivamente). Apesar das mulheres quilombolas apresentarem maior prevalência de sobrepeso (32,4% vs 30,29%) e obesidade (18,3% vs 13,77%) quando classificadas pelos valores de IMC, apenas o 4º quartil (sobrepeso) e 3º quartil (obesidade) apresentou razão de risco significativo quando ajustado pela idade (RP: 1,2; IC 95%:1,04 a 1,39 para o 4º quartil; RP:1,43; IC95%:1,01 a 2,0 para o 3º quartil). Não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos para o percentual de gordura (p=0,98), e foi demonstrado fator de proteção para RP (0,29; 0,45; 0,67 e 0,96) com o ajustamento pela idade entre os grupos, respectivamente, no 1º, 2º, 3º e 4º quartil para este indicador. Observou-se também que a idade demonstrou ser um fator de risco associado com o aumento da idade quando comparada a RP entre o 4º e 1º quartis das mulheres quilombolas. Os resultados indicam que existem importantes evidências de que a população quilombola convive com uma considerável prevalência de indicadores de doenças cardiovasculares. Portanto, as prevalências encontradas apontam para  a necessidade de iniciativas emergenciais para esse grupo, no sentido de reduzir as prevalências de sobrepeso/obesidade e, conseqüentemente, dos fatores de risco para desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

 Palavras-chave: Estado nutricional; fatores de risco; mulheres adultas; quilombolas.

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