Filme “Terra Maldita” será lançado no Espaço Cultural


23/02/2010 09h56 - Atualizado em 13/08/2014 às 01h30
Diretor Pedro Onofre, ladeado por artistas do filme

Diretor Pedro Onofre, ladeado por artistas do filme

O filme "Terra Maldita", dirigido por Pedro Onofre, será lançado nesta quinta-feira, 25 de fevereiro, às 19h30, no Espaço Cultural, localizado na praça Sinimbú, no Centro.

Antes do longa-metragem, será exibido o documentário "A Marcha dos 300 Quilômetros", rodado paralelamente, que trata da questão dos sem-terra. Ao final da exibição dos dois filmes, haverá debate com a participação de representantes dos movimentos sociais e professores da Ufal.

Sinopse de Terra Maldita

Maria de Jesus, setenta anos de idade, integrante do MST, nasceu num pequeno sítio no alto sertão alagoano. Conheceu ao longo da vida o gosto amargo da desgraça, da opressão e da tirania e testemunhou a concentração de poder cada vez maior nas mãos de alguns, o latifúndio expulsando os pequenos proprietários de suas terras e a miséria a se espalhar nos campos e nas cidades. Filha única de um casal de pequenos agricultores, ao ficar órfã de mãe, ainda criança, foi criada pelo pai e o avô, romeiro fanático do padre Cícero do Juazeiro, com passagem pelo cangaço. Um dia, ferido e muito doente, pediu permissão ao bando para morrer no sítio do filho, um pacífico agricultor chamado José Pedro. Ali, sobreviveu milagrosamente aos ferimentos e, a partir de então, abandonou o cangaço.

Maria de Jesus nasceu alguns anos depois desse episódio,vivendo ao lado do pai e do avô até os 15 anos de idade, quando a tragédia se abateu sobre sua  família. Um truculento e desonesto chefe político pretende apossar-se da pequena propriedade de José Pedro, para nela construir um grande açude com recursos federais. Sua pretensão Encontra forte resistência do proprietário que não pretende desfazer-se de suas terras. Tomado de ódio, o coronel manda exterminar o agricultor e toda a sua família. Durante a chacina, a Maria de Jesus consegue escapar. Agora, sozinha, num mundo adverso, cheia de revolta, é amparada por uma facção das Ligas Camponesas, grupos de homens e mulheres que se organizavam como exército preparado ideológica e militarmente para a sobrevivência no campo.

Durante o golpe militar, Maria de Jesus, já com formação marxista, é presa e torturada. Mais uma vez sobrevive. Com a redemocratização, os movimentos nos campos voltam a ser articulados. Ela integra-se ao MST e se dedica a alfabetizar homens, mulheres e crianças nos assentamentos. Desde então, sua família tem sido os sem-terras. Onde quer que sigam, acompanha-lhes os passos. Se lhe perguntam o que procura, o que espera da vida, não tem resposta. Não procura nem espera mais nada. Os sem-terra se tornaram a sua ligação com o passado, a extensão anônima da sua família, em meio aos quais há de em breve, ao fechar os olhos para a vida, finalmente apossar-se do pedaço de chão que sempre lhe foi negado.