Pesquisadora da Ufal comenta pesquisa sobre violência contra os jovens

42% dos jovens já viram assassinatos em Maceió. Dados colocam cidade como líder no ranking nacional; "violência vai crescer", diz especialista


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Fonte: Tudo na Hora

Maceió foi “eleita” a capital brasileira mais violenta para os jovens no país. É o que revela o Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência (IVJV), divulgado nesta terça-feira pelo Ministério da Justiça e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Dentro desse mesmo levantamento, uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha com 5.182 jovens de 12 a 29 anos de 31 municípios selecionados em 13 Estados, constatou que, dos jovens entrevistados em Maceió, 42% afirmaram já ter visto alguma pessoa ter sido morta de forma violenta - no país essa média é de 24%. Outros 58% maceioenses alegam já terem visto corpos de pessoas assassinadas no país.

Segundo a pesquisa, 41% dos jovens da capital alagoana enfrentam algum risco de violência. Na média das demais capitais, esse índice é de 30%.

Entre as cidades com mais de 100 mil habitantes do país pesquisadas, Maceió ficou com a 13ª posição. O município com mais vulnerabilidade para os jovens é Itabuna (BA). O outro município de Alagoas pesquisado, Arapiraca, apresenta índices ainda piores que a capital, ocupando a 11º colocação nacional. Ambos são classificados como “alta vulnerabilidade".

"Não chegamos ao fim da linha", diz professora

Segundo a coordenadora do Núcleo Temático de Assistência Social da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Therezinha Falcão, o crescimento da violência em Alagoas é “decorrente da péssima qualidade de vida que essa população vem tendo ao longo dos anos”.“Há uma ausência de políticas públicas, logo, as condições de sobrevivência vão piorando. Isso vai criando as condições objetivas para que a violência se expanda”, analisou.

Embora os dados sejam alarmantes, Falcão ainda assegura que não vivemos ainda o ápice da violência. “Nós não chegamos ao fim da linha. A violência vai piorar, assim como vem piorando de 1997 para cá”, disse.

Segundo ela, o crescimento da violência é previsível em Alagoas. “Em 1997, o nosso Núcleo realizou uma pesquisa apontando que 19% da população jovem nunca havia se inserido no mercado de trabalho e não tinha perspectiva disso. Nós alertamos as instâncias do governo. Apresentamos a pesquisa na Câmara e os vereadores deram pouca importância. E naquele dia eu disse: Vocês hoje não dão importância, mas amanhã vocês vão ter poder, dinheiro, mas não vão poder sair de casa. Não era uma análise de profecia, mas sim cientifica”, afirmou.

Assista à matéria sobre a Pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.