Grupo de estudos movimenta investigações científicas em terras lusitanas


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A primeira reunião do Grupo Giro ocorreu no Palácio de Cristal, um dos cartões-postais da cidade do Porto

Por Manaíra Aires, de Portugal

Mal acabaram de chegar ao Porto, cidade localizada ao norte de Portugal, os novos bolsistas do Programa de Bolsas Luso-Brasileiras Santander já estão engajados na formação de um grupo de estudos que promete fomentar muitas investigações científicas.

Trata-se do Grupo Giro, coordenado pela historiadora e gestora do Museu Théo Brandão Leda Almeida, que está em Portugal desenvolvendo um trabalho fruto do Projeto Cátedra, mais uma parceria da Ufal com o banco Santander.

“Giro” é uma expressão portuguesa que significa “legal”. Numa perspectiva semântica mais alargada, “giro traz como re-significação a ideia de movimento, girar sobre diferentes temáticas”, explica a coordenadora do grupo. 

Participam do grupo estudantes e docentes tanto do Brasil, quanto de Portugal. Segundo Leda, a importância do grupo é que “além da troca de conhecimento, em que se aprende em comunhão, há a possibilidade de reunir vários brasileiros que moram em Portugal e aproximar a cultura portuguesa da nossa perspectiva de mundo”, afirma.

Aliás, a interatividade entre brasileiros e portugueses garante instigantes discussões a respeito das analogias e das diferenças culturais entre os dois países. O jornalista português Filipe Pedro é um dos integrantes do grupo e garante ficar estimulado a debater assuntos que revelam diferentes realidades do Brasil que a maior parte dos portugueses desconhece.

Outro aspecto pujante do grupo é a diversidade temática em decorrência dos integrantes pertencerem a diversos campos do conhecimento. Na primeira sessão, a obra do poeta português Ruy Belo foi apresentada pela estudante de Jornalismo Manaíra Aires; os embasamentos da Psicanálise ficaram a cargo do estudante de Psicologia Michael Machado; e as pesquisas sobre a culinária quilombola trouxeram um pouco do Brasil por meio da explanação de Leda Almeida.

As reuniões acontecem semanalmente e a cada encontro três membros fazem uma explanação do tema que escolheram. O grupo está crescendo, cada vez com a presença de mais portugueses e de brasileiros de diferentes cidades do Brasil.

Na próxima reunião, a Medicina com base na evidência promete ser um dos temas mais instigantes e será apresentado pelo professor da Ufal, Cliver Albuquerque, que atualmente conclui o mestrado em Portugal. Ainda haverá a explanação da professora Marta de Moura Costa sobre o Processo de Bolonha nas universidades portuguesas e o estudante de Economia Wagner Sena fará uma exposição do atual estado da crise financeira.

As investigações científicas prosseguem com a “troca não só de informações, mas uma troca afetiva, um intercâmbio de congraçamento e de aspectos culturais que nos confortam, já que estamos longe de nosso país”, corrobora a idealizadora e coordenadora Leda Almeida.

Gestora do Museu Théo Brandão visita museus em Portugal

Nas próximas duas semanas, a historiadora e gestora do Museu Théo Brandão, Leda Almeida, visitará os museus da Universidade do Porto (UP): Casa Museu Abel Salazar, Museu de História Natural, Museu de Ciência, Museu de Belas-Artes e Museu da História da Medicina. A agenda ainda inclui o encontro com Alexandra Araújo, responsável pela Produção de Eventos do Departamento de Cultura da UP, e o encontro com Alexandre Lourenço, coordenador do "Museu Virtual".

Leda explica que “é muito importante ter acesso a novas directrizes de estruturação museológica, o que faz com que modelos que estão sendo aplicados e estão dando certo em instituições européias possam servir de embasamento para que criemos ou até reformulemos a identidade de nossas instituições com novas idéias e perspectivas”, afirma.   

Num primeiro momento, uma reunião com o vice-reitor António Teixeira Marques ratificou a aproximação que existe entre a UFAL e a Universidade do Porto. Num segundo momento, realizado junto ao pró-reitor de cultura da Universidade do Porto, Manuel Janeira, discutiu-se como os museus podem ser importantes na construção de uma identidade institucional. Para isso, é necessário “vivificar a imagem dos museus como parte fundamental da Universidade e possibilitar aos estudantes que executem investigações científicas dentro dos próprios museus”, corrobora Janeira.

O pró-reitor ainda completa: “percebemos que os museus são um patrimônio integrador, já que há uma dispersão na universidade que resulta do fato de muitas faculdades sobreviverem apenas nos seus próprios círculos. Os museus e suas coleções podem formar um importantíssimo corpo acadêmico”.

A historiadora Leda ficará cerca de dois meses na cidade do Porto, região norte de Portugal, onde desenvolve um projeto do Programa Cátedra, resultado da parceria da UFAL com o banco Santander. Dentre outros trabalhos, Leda levará para cidades portuguesas e espanholas uma exposição de fotografias que aborda a Cultura Popular Alagoana. Em contrapartida, o Museu Théo Brandão de Antropologia e Folclore da Ufal receberá exposições que revelam aspectos culturais da região da Península Ibérica.