Ufal participa da Audiência Publica sobre a Base Nacional Comum Curricular

Professores deram suas contribuições no evento realizado em Pernambuco

08/08/2017 08h23 - Atualizado em 22/11/2021 às 09h06
Os professores da Ufal na Audiência Pública do CNE

Os professores da Ufal na Audiência Pública do CNE

Ascom Ufal

Os professores da Ufal, Elisangela Leal de Oliveira Mercado, do Centro de Educação (Cedu) e Leonidas de Santana Marques, do Curso de Geografia do Campus do Sertão participaram da Audiência Pública do Conselho Nacional de Educação (CNE) sobre a Base Nacional Curricular (BNCC). O evento foi realizado no Cento de Convenções de Olinda, em Pernambuco, no dia 27 de julho.

O CNE promove audiências públicas para a participação da sociedade nos debates da BNCC elaborada pelo Ministério da Educação (MEC) que acontecem nas cinco regiões do Brasil. A primeira Audiência Pública ocorreu em Manaus-AM, no dia 7 do mês passado. As próximas acontecerão em Florianópolis, no dia 11 de agosto; São Paulo, no dia 25 de agosto e em Brasília, no dia 11 de setembro.

A BNCC é um documento de caráter normativo que define os direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento para todas as crianças, jovens e adultos em escolas de educação básica em todo o Brasil. Prevista em Lei, ela deve ser obrigatoriamente observada na elaboração e implementação de propostas curriculares dos sistemas e redes escolares públicas e privadas, urbanas e rurais, sendo referencia comum para todos os sistemas de ensino, promovendo a equidade educacional.

Durante as audiências, os mais diversos segmentos da sociedade têm oportunidade de oferecer suas contribuições. A professora Elisangela Mercado representou também o Conselho Municipal de Educação de Maceió (Comed), a qual é presidente e apresentou duas demandas relacionadas à Educação de Jovens Adultos e Idosos (Ejai) e Educação Especial.

“É imprescindível que a BNCC contemple o direito à educação aos estudantes jovens, adultos e idosos aliando a sua escolarização à profissionalização. A política curricular que os representa deve estar pautada nos princípios de uma educação popular, contemplando a qualidade do sujeito e suas peculiaridades, entendendo que a organização de tempos e espaços pedagógicos precisa dialogar e respeitar a identidade de gênero, raça e de classe expressas na realidade desses sujeitos, não esquecendo que a formação de professores e gestores também deve garantir os princípios de uma educação popular. É preciso que a BNCC e o currículo escolar compreendam que a Ejai atende a trabalhadores que estudam e não a estudantes que, quando necessário, trabalham”, ressaltou.

Sobre a educação especial, Elisangela lembrou que “se faz necessário que a BNCC, em consonância com a Política Nacional da Educação Especial, na perspectiva da Educação Inclusiva, considere as necessidades e especificidades dos estudantes com deficiência, principalmente, as crianças acometidas da Síndrome Congênita do vírus Zika, que devem ter o direito à educação garantido desde a creche pelo Estado e municípios”.

A professora sugere: “É preciso que a BNCC constitua uma política curricular voltada à flexibilização curricular no âmbito da organização didática e avaliativa, espacial e temporal, procedimental e metodológica respeitando o tempo e os ritmos dos estudantes e contemplando a acessibilidade como medida de garantia do acesso ao conhecimento e a formação para a cidadania e autonomia desses estudantes. Entendendo que a acessibilidade não pode estar restrita apelas à eliminação de barreiras arquitetônicas e de comunicação. Enfatizo que não se trata de adequar as políticas curriculares, mas de transformá-las em função do direito à aprendizagem e o desenvolvimento dos estudantes com deficiência. É imprescindível que a BNCC rompa com a clássica dicotomia educação regular e educação especial, normal e deficiente”.

Confira aqui o vídeo da participação da professora Elisangela Mercado.

O professor Leônidas de Santana Marques, Da Ufal no Campus do Sertão, representou a Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB), entidade da sociedade civil ligada às profissões de geógrafo e professor de geografia. Para ele, a Geografia não está garantida como componente curricular, pela Lei nº 13.415 da Reforma do Ensino Médio. “Esse fato, associado à forma como aparece na terceira versão da BNCC, ainda mais esvaziada de criticidade do que na segunda versão, apontam para a tentativa de desqualificação e ataque às Ciências Humanas, negando ou minimizando a importância delas na formação do educando”, disse.

O professor opinou sobre a proposta da Base Nacional Comum Curricular. “A BNCC não é resposta aos principais problemas que afligem a educação pública brasileira, pois está a serviço de interesses privados que preconizam o controle do trabalho docente e das escolas, minimizando o seu papel de questionamento das desigualdades sociais e das diferentes formas de opressão. Quanto ao processo geral que vem conduzindo esta terceira versão da BNCC, embora tenha havido, da primeira para a segunda versão, maior participação da sociedade, não foi possível saber o que ocorreu com as alegadas 12 milhões de consultas no site da BNCC, sobretudo com as opiniões antagônicas”, afirmou.