Entre o romance, a poesia e o cordel, servidor se aventura na produção literária

Cordel Quilombola é a última obra publicada por Cárlisson Galdino, Analista de Tecnologia do Campus Arapiraca que já tem em seu currículo seis e-books publicados e dezenas de manifestações artísticas, entre poesias, contos, peças de teatro e músicas, em sua maior parte disponíveis no endereço www.carlissongaldino.com.br.

11/01/2011 15h15 - Atualizado em 11/08/2014 às 11h05
Cordel Quilombola está disponível no blog do autor

Cordel Quilombola está disponível no blog do autor

Jhonathan Pino, jornalista

Em Arapiraca, Cárlisson já é nome conhecido, pois é Membro Efetivo da Academia Arapiraquense de Letras e Artes (ACALA). A cadeira nº 37, cujo patrono é João Ribeiro Lima, não foi conseguida gratuitamente. Ainda no ano de 2000, Cárlisson teve publicado o livro Chuva Estelar, pela Editora Catavento. Depois dele, vieram outros cinco trabalhos abordando um mundo fantástico, cheio de dragões e monstros, assemelhando-se, às vezes, à literatura homérica, no modo como o enredo de sua obra é produzido.

Mas seus personagens não vêm do mundo homérico, são influências do Mangá, do Anime e do “Role-playing game”, ou como é mais conhecido, o “RPG”, que trabalha com inúmeros elementos da fantasia e estimula os jogadores a produzirem personagens e cenários típicos da cultura da Idade Média. Conforme o próprio blog, Cárlisson fez parte da primeira mesa de RPG de Arapiraca.

Minhas obras abordam vários mundos. Sempre gostei de criar e terminei criando vários mundos. Em alguns, iniciei uma formalização como ambientação para RPG. É o caso de Ases, que é uma ambientação contemporânea, mas com a volta da magia e dos deuses a Terra. Na poesia, gosto muito da forma: métrica e ritmo, principalmente. Por isso gostava tanto de clássicos (principalmente os sonetos de Camões), de Castro Alves... Agora voltado para o cordel, terminei me tornando fã do potiguar Antônio Francisco, que tive oportunidade de conhecer ano passado”, ressalta Cárlisson.

Apesar de lembrar muitas vezes uma arte clássica, a forma como Cárlisson trabalha suas obras e é bem contemporâneo: através de softwares livres e outros recursos de compartilhamento de arquivos, ele deixa disponível na internet boa parte de suas obras para que os seguidores, no blog, no twitter, no Orkut, ou em outras redes sociais, possam usufruí-las gratuitamente. A característica foi herdada do curso Ciências da Computação da Ufal, graduação de Cárlisson, cujo conhecimento está sendo ampliado com a Pós-Graduação em Produção de Software com Ênfase em Software Livre pela Universidade Federal de Lavras.

“Desde que conheci o movimento social pelo Software Livre, aderi à causa. Já participei de alguns projetos de Software Livre. Tenho escrito alguns cordéis sobre o tema, usando a arte como ferramenta de propagar conhecimento, esclarecer, desmistificar e, por pouco que seja, contribuir com uma mudança social. Quanto ao uso, eu utilizo software livre há uma década. Os meus textos são geralmente editados no BrOffice.org. Imagens, feitas no GIMP, Inkscape, ou os dois. Afinal, não convém defender uma causa nos argumentos e com a prática contrariar o discurso”, explica Cárlisson.

Cordel Quilombola

“Este cordel é de História/ Não fala de ficção/Leia tudo até o final/Este problema é real/E é causa de aflição”. Conforme o trecho do Cordel Quilombola, citado acima, que foi o último a ser publicado em seu blog, o escritor deixa de lado os personagens fantásticos e parte para uma temática bem real, a escravização do negro, cujas consequências são sentidas até hoje pela população africana: “Já passou mais de um século/Que a escravidão findou/Com ela a desigualdade/Ou era o que se pensou/Pois a ver a trajetória/Ao consultar a História Me pergunto: o que mudou?”. Cárlisson ainda tem quinze cordéis publicados no formato impresso e em março serão disponibilizadas mais cinco obras.