Alunos do Agreste conquistam aprovação na Ufal após projeto de escola pública

Lab Enem é sucesso de aprovação para o ensino superior do estado de Alagoas

27/02/2018 13h02 - Atualizado em 28/02/2018 às 11h55
Projeto impulsionou o ingresso de 30 alunos do LabEnem

Projeto impulsionou o ingresso de 30 alunos do LabEnem

Cairo Martins - estagiário de Jornalismo 

Foi pensando no desenvolvimento social, humano e educacional dos jovens do interior de Alagoas, que os professores da Escola de Estadual Pedro Joaquim de Jesus, da cidade de Teotônio Vilela, no Agreste, desenvolveram um projeto chamado Laboratório de Aprendizagem, o LabEnem. O resultado: 30 alunos da rede pública irão ingressar em diversas instituições de ensino superior do Estado. Do total, 12 foram aprovados em cursos da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).  

O projeto partiu da iniciativa da professora de Química, Anna Carolina Vasco, quando percebeu a necessidade e a deficiência de alguns alunos nos quesitos relacionados à aplicação dos conteúdos nas provas e principalmente aos processos ligados ao Enem. Ela conta que nas turmas que lecionou, trabalhou a química como objeto de estudo do cotidiano com uma abordagem voltada à concorrida prova do Enem. “Auxiliei de forma limitada, só os meus alunos e na minha disciplina tentando desmistificar a química aplicando ao cotidiano deles, como também trabalhando questões do Enem e preparando-os para o Exame”, disse. 

Ricardo Ferreira, 19 anos, foi um dos participantes do LabEnem e conquistou o 6º lugar no curso de Engenharia de Pesca. “O Lab, me permitiu crescer como estudante e como pessoa. Durante o ano foi trabalhada a questão do altruísmo com palestras, filmes e outras formas, por isso, vários alunos conseguiram entrar na universidade”, destaca o novo estudante da Ufal. 

O LabEnem proporciona aos alunos a oportunidade de ingressar no ensino superior e a realização dos sonhos dos jovens daquela região. “Aqui em Teotônio Vilela, dificilmente era visto alguém entrar na universidade. E nos últimos dois anos se tornou muito comum, que a gente nem se surpreende mais. Fico muito feliz vendo que vários alunos estão saindo do Ensino Médio, assim como eu, e tendo a oportunidade de ingressar na universidade, o que era muito raro aqui na cidade”, destaca Ricardo Ferreira. 

Lucas Henrique dos Santos, também de 19 anos, foi aprovado no curso de Farmácia e está na lista de espera para o curso de Odontologia. Após receber auxílio e apoio da coordenação do projeto alcançou seus objetivos. “Sempre recebi ajuda da professora Anna Carolina Vasco, tanto antes do Enem, como depois da prova durante o Sisu no momento de escolher os cursos”, acentuou o estudante. 

Carolina Vasco hoje é coordenadora do projeto e descreve como é a dinâmica adotada aos estudantes. “Em 2016 fui convidada a ser coordenadora, desde então, trabalhamos aulas direcionadas para o Enem, não somente para a prova, mas também para garantir a autonomia do aluno, para que se emancipe e saiba se virar sozinho”, destaca a coordenadora.

Inicialmente o projeto contava somente com professores das disciplinas de Português e Matemática, estes disponibilizados pelo Estado. As outras disciplinas eram ministradas por professores da escola que trabalhavam horas extras para atender ao projeto. Depois de negociações foram disponibilizados professores para conteúdos voltados às disciplinas Ciências da Natureza e Ciências Humanas. 

Quanto à redação, a coordenadora relata: “É trivial para um aluno fazer uma redação com excelência que ele tenha bons argumentos e tenha uma boa visão de mundo, que ele seja crítico, pensante”. Com isso, foi criada a disciplina Tópicos em Humanas que aborda História, Geografia, Filosofia, Sociologia, Artes e Antropologia contextualizando com questões sociais e problemáticas que poderiam ser temas do Enem. 

Fátima Gomes é diretora da escola, e ressalta quais foram as motivações para desenvolver o projeto. “Nosso Laboratório de Aprendizagem é um projeto idealizado com meta e objetivo de tirar alunos da zona de vulnerabilidade e ensiná-los a sonhar e a perseguir seus sonhos”, expôs a gestora. E finaliza: “Nós queríamos que nossos alunos tivessem oportunidade e também mostrá-los que através da escola que se alcança os objetivos. Hoje temos várias histórias de superação de nossos alunos, que achavam que tudo terminava no Ensino Médio”. 

Além da Ufal, os estudantes do Laboratório de Aprendizagem foram aprovados em diversas instituições como Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), Instituto Federal de Alagoas (Ifal), Universidade Estadual de Ciências da Saúde (Uncisal), e Universidade da Cidade de São Paulo (Unicid-SP).