Professor de Química utiliza histórias em quadrinhos para dinamizar conteúdos

Trabalhos foram elaborados para conclusão de curso da graduação e agora são aplicados em turmas do ensino médio

21/09/2017 13h04 - Atualizado em 22/11/2021 às 09h05
Além de ajudar na fixação de conteúdos, utilizar HQs incentiva os alunos a ler

Além de ajudar na fixação de conteúdos, utilizar HQs incentiva os alunos a ler

Thamires Ribeiro – estagiária de Jornalismo

Já pensou em aprender um conteúdo difícil de entender, através de histórias em quadrinhos (HQs)? Pois é, isso é possível, e foi o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Elton Junior, atual professor de Química, formado pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal). A decisão de colocar essa ideia em prática, surgiu do desejo de tornar mais agradável o contato entre estudantes do ensino médio e a ciência, uma vez que os quadrinhos dispõem de recursos visuais e torna o aprendizado mais atrativo.

Como explica o professor, o gosto por HQs surgiu ainda durante a sua infância: “Eu passava parte do meu tempo produzindo pequenas histórias em quadrinhos, satirizando filmes da época ou mesmo programas que eu acompanhava. Como era algo que eu gostava de fazer, pensei em aliar esse tipo de produção a conceitos de química”. Por isso, Elton se propôs a desenhar, colorir e criar o enredo de uma história para desenvolver seu TCC e, futuramente, aplicar em salas de aula.

Outra justificativa que motivou o professor de Química na elaboração dos HQs, foi a percepção de dificuldades que os estudantes possuem na interpretação de textos. “Após analisar os dados nacionais referentes a leitura, que não são satisfatórios, e ao ter contato com os alunos do ensino médio durante o estágio, ficou claro que o objetivo não deveria ser apenas a introdução de conceitos de química, mas sim, o estímulo do aluno à leitura e à verificação de como se dá a interação desse aluno com o texto”, justificou Elton.

O trabalho desenvolvido pelo graduado em Química, rendeu frutos dentro e fora da Ufal. Em 2015, realizou uma apresentação na 38ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química (SBQ), realizada no município de Águas de Lindóia, em São Paulo. E este ano, a Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias, da Universidade de Vigo, na Espanha, publicou seu artigo intitulado História em quadrinhos para o ensino de química: contribuições a partir da leitura de licenciados, que é parte do TCC. 

O docente Wilmo Francisco Júnior, orientador do projeto, comemora a conquista obtida por seu ex-aluno: “Uma publicação de estudantes de graduação em revistas Qualis A, são raras. É um feito a se comemorar, pois é algo difícil, mesmo com trabalhos oriundos de teses ou dissertações, quem diria fruto de um TCC de graduação”, enfatizou.

TCC em prática

De acordo com o professor de Química, é perceptível a grande empolgação dos alunos ao utilizarem histórias em quadrinhos na sala de aula. Para ele, o contato com conteúdos dinâmicos, insere os alunos no mundo da leitura, e também auxilia no processo de aprendizado. Principalmente, porque leciona aulas no período noturno, e muitos dos alunos trabalham durante o dia e não possuem muito tempo disponível para leitura.

“A utilização de HQs pode contribuir para a assimilação de conceitos específicos, por meio de uma leitura visualmente mais atrativa e um enredo que chame a atenção do aluno. Ao mesmo tempo que contribui para a aproximação daquele aluno que não está habituado à leitura. Lembrando sempre que cabe ao professor usar estratégias que busquem perceber a compreensão e interação com o texto”, concluiu.

Elton Junior, alega sempre levar atividades que possam contribuir para a explicação de conceitos da Química e também incentivem a leitura para as aulas que ministra. Além de professor, ele é estudante de Medicina na Ufal, e defende que é possível desenvolver HQs voltadas à saúde na comunidade, e por isso está amadurecendo as ideias para projetos futuros.

Segundo o professor, o uso de histórias em quadrinhos, charges, crônicas e outros artifícios práticos enriquecem a prática docente. Por isso, ele já possui planos, e conta que sua intenção é “que além da leitura, os alunos produzam suas próprias HQs envolvendo conceitos e explorando a criatividade”.