Debate sobre políticas afirmativas em saúde reúne pesquisadores

Temática também foi debatida para inclusão na formação acadêmica dos futuros profissionais de saúde

06/06/2017 10h39 - Atualizado em 06/06/2017 às 10h40
Participantes do debate sobre políticas afirmativas

Participantes do debate sobre políticas afirmativas

Ascom Ufal

A Universidade Federal de Alagoas sediou o 1º Seminário de Convivência Intercultural e Interdisciplinar para Alteridade nas Políticas Afirmativas de Saúde da Uncisal, no último sábado (3). De acordo com a coordenadora do evento, Sandra Bonfim, o principal objetivo foi “a construção de uma rede interligando os diversos atores sociais alagoanos comprometidos com a implementação de políticas de saúde pautadas no princípio da equidade e o respeito às diferenças”.

Com mais de cem participantes, entre convidados e estudantes dos cursos de Terapia Ocupacional, Fisioterapia, Fonoaudiologia e Medicina o evento reuniu pesquisadores, gestores, professores e estudantes.

“Eventos plurais como esse ampliam olhares, sentidos de existência e localizam os participantes em sua realidade local, seus direitos e modos diferentes para produção de vida. Saúde como valor social interessa a todas as pessoas”, enfatizou Emilene Donato, professora da Uncisal e coordenadora do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde- PET GraduaSUS/Ufal.

Outro aspecto enfatizado foi a potência em trocas na parceria do PET com a Uncisal para compartilhamento das experiências já realizadas de integralização dos cursos de graduação e de conteúdos de políticas afirmativas, revelando o compromisso ético-político das duas maiores instituições públicas de Alagoas formadoras para a saúde.

Já a professora Lígia Ferreira, diretora do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros (Neab), da Ufal, salientou a importância do evento e a necessidade de inclusão da temática das políticas afirmativas, de forma obrigatória, nas matrizes curriculares dos cursos de graduação em saúde e em educação, como determinam as legislações em vigor.

O enfermeiro Robert Lincoln, gerente de Políticas Transversais da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), falou sobre seu percurso acadêmico da Uncisal até a gestão estadual e de seus planos para fortalecer um cenário de parcerias em prol das políticas de saúde com base na equidade e na alteridade.

A mostra dos vídeos produzidos e apresentados pelos alunos das matérias foi um momento de muita emoção para os estudantes. A realidade das marisqueiras da comunidade Sururu de Capote, os desafios da população LGBTTI e a luta contra a intolerância religiosa dos povos de terreiro marcaram a diversidade das temáticas abordadas nos vídeos.

“Um encontro dessa dimensão precisava acontecer e marca o início de muitas articulações entre diversos atores sociais em nosso Estado”, ressaltou Tereza Olegário, superintendente de Direitos Humanos e Igualdade Racial.

“Os profissionais de saúde precisam ser preparados e comprometidos com a equidade, pois são os usuários dos SUS que pagam os salários dos profissionais de saúde com os seus impostos. Tratar bem não é favor, é obrigação”, concluiu Natacha Wonderfull, técnica de enfermagem do Consultório na Rua e coordenadora do grupo artístico Trans Show, que trabalha pelo empoderamento de travestis e transexuais no estado de Alagoas.