Projeto reúne gestantes para esclarecer benefícios da amamentação no Hospital Universitário

No evento, as palestrantes responderam dúvidas sobre a preocupação com maternidade e o aleitamento materno

12/05/2017 17h34 - Atualizado em 17/05/2017 às 16h28
A ideia é melhorar o índice de natalidade e nutrição infantil em Alagoas

A ideia é melhorar o índice de natalidade e nutrição infantil em Alagoas

Bruno Presado – Estudante de Jornalismo

Um projeto de extensão da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), que estuda a comunicação pública na saúde, reuniu mães e gestantes para esclarecer os benefícios do aleitamento materno no desenvolvimento da criança. Nesta quinta (11), no Hospital Universitário, as palestrantes convidadas do “Vamos Conversar sobre Amamentação?” responderam dúvidas sobre a maternidade e, além disso, ouvir experiências pessoais das pacientes.

O projeto “Comunicação pública para a saúde: promovendo ações para conscientização e divulgação dos benefícios da amamentação” agrupa propostas para melhorar a informação em hospitais públicos que, a partir disso, promove a discussão sobre o assunto para aumentar a aceitação das gestantes ao aleitamento materno como um hábito saudável. A ideia é melhorar o índice de natalidade e nutrição infantil em Alagoas.

No evento, a psicóloga Patrícia Cavalcante aproveitou o clima de descontração para colocar as dinâmicas de grupo em prática. Cada gestante recebeu uma folha em branco para desenhar seus sonhos e metas durante a maternidade. As gestantes tiveram liberdade para compartilhar suas histórias de vida com as outras participantes.

Com quatro meses de gestação, a mãe Renata Cordeiro revela a ansiedade com o planejamento do parto humanizado, onde não há contato cirúrgico. Na experiência passada, Cordeiro não tinha conhecimento dos seus direitos e, no nascimento da filha, precisou aceitar a cesariana indicada pela médica. Agora, a mãe quer oferecer liberdade ao futuro filho para escolha natural do dia e mês para o parto. “O procedimento da cesariana é muito rápido, não sentimos a placenta ou participamos da concepção. É algo frio, sem vida”, disse ainda, que o custo do parto doméstico é a grande dificuldade.

Em outro momento, uma gestante - não identificada - compartilhou o desespero quando o bebê não consegue sugar o leite materno no ato de amamentação, ou seja, dificultando a única alimentação. Nisso, a enfermeira Heliana Maria indica incentivar, aos poucos, a amamentação de forma regrada para a criança começar a compreender e se acostumar com a situação.

“Tentei aos poucos com minha filha e, agora, não quer abandonar a amamentação após um ano de idade” pontuou a professora de Relações Públicas, Manuela Callou, que ressalta, ainda, que o bebê não necessita de outros alimentos nos primeiros meses de vida. Segundo pesquisas, o leite materno contribui na imunidade inicial, oferecendo nutrientes e sais minerais no período de desenvolvimento.

Heliana explica que a industrialização do leite afasta as mulheres do hábito saudável. Em declaração da enfermeira, as fábricas alimentícias induziram as gestantes a acreditarem no consumo do leite artificial por serem vendidos supostamente como complementar. “Isso é uma guerra contra as mulheres. Agora, há caixas de leite sendo vendidas por valores exorbitantes. A indústria quis mostrar que o leite deles é melhor, e nunca desistiram”, critica.

Segundo a enfermeira, o bebê aprende a mamar naturalmente em qualquer tamanho de bico do peito e, por isso, as mães não precisam ter receio ao amamentar. Heliana explica, ainda, que a relação afetuosa com a criança facilita a amamentação. “Somos um ser único. Quando viramos mãe, solicitamos nosso aspecto biológico. É preciso abandonar os problemas pessoais no ato, porque o filho percebe o comportamento da mãe”, disse.

Sobre economia de leite materno, a assistente social Ângela Brandão informa que “o peito não funciona como agência bancária, não podemos economizar para a próxima mamada do bebê. O peito produz o solicitado e mais um pouco”, disse, “às vezes, a mulher só amamenta quando vê outra mãe fazendo o mesmo e utilizando como exemplo”.

Caso seja necessário, Ângela esclarece que “a mãe pode doar o leite em excesso para o banco de leite, utilizando os vidros conservados em casa”. Além disso, o órgão estadual oferece aconselhamentos para quem não consegue produzir leite materno.

Esse serviço é confirmado pela gestante Alessandra da Silva que, nas duas gestações anteriores, recebeu orientação para estimular a produção na mama que, inclusive, fortaleceu o aprendizado no evento. “Lá, aprendi a incentivar o peito, que só saía água nos primeiros dias. As palestras são importantes para tirar dúvidas sobre essa questão”, finaliza.

Por fim, as palestrantes demonstraram a anatomia e detalhes para o cuidado da mama e, ainda, ressaltaram que a ocitocina contrai o útero durante a amamentação para evitar hemorragia.

Projeto de extensão

O projeto de extensão, que também faz parte dos grupos de pesquisa Giemi e Corps, é liderado pela professora de Relações Públicas, Manuela Callou, junto a cinco alunos de comunicação. A iniciativa atende aos critérios do Programa Círculos Comunitários de Atividades Extensionistas (Proccaext) da Proex.

Desde julho do ano passado, o projeto fortalece a interação com comunidades próximas à Universidade Federal de Alagoas (Ufal) em ações específicas, como entrevistas com gestantes, representantes e servidores do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HUPAA). Sobre a proposta, a intenção é aprimorar a comunicação pública relacionada à amamentação, para torná-la eficiente a qualquer nível de instrução.