Neab realiza debate para refletir sobre a abolição no Brasil

Foram feitas reflexões de diferentes perspectivas acerca do tema

17/05/2017 17h17 - Atualizado em 18/05/2017 às 16h12
Tema Liberdade, Liberdade, abre as asas sobre nós trouxe reflexões sobre a abolição nos tempos atuais

Tema Liberdade, Liberdade, abre as asas sobre nós trouxe reflexões sobre a abolição nos tempos atuais

Thamires Ribeiro – estagiária de Jornalismo

Nesta terça-feira (16), o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros (Neab) realizou uma mesa-redonda com o tema Liberdade, Liberdade, abre as asas sobre nós: reflexões sobre a abolição nos tempos atuais. A mesa foi composta pela professora e diretora do Neab, Lígia Ferreira, pela docente do Centro de Educação (Cedu) Jusciney Carvalho, e por Nadir Nóbrega, diretora do Museu Theo Brandão.

O debate apresentou três perspectivas, começando com a abolição da escravatura e a liberdade, vista através da dança e da construção estética-social e cultural produzidas pelos negros, abordada pela professora Nadir. Em seguida, foi abordado pela docente Jusciney o “aprisionamento que as escolas propõem na contemporaneidade, envolvendo currículos, gestão escolar, legislação e estrutura”. Por fim, as reflexões da professora Lígia Ferreira, que fez observações desde o início oficial da escravidão no Brasil, em 1530, até seu fim oficial em 1888. Em sua fala, ela enfatizou que “até hoje a sociedade constrói divisões e relações de opressão, entre negros e a elite brasileira”.

De acordo com a diretora do Neab, a realização dessa mesa-redonda foi para discutir como a Universidade pode auxiliar no debate, quais ações a instituição vem desenvolvendo, além de refletir junto com a comunidade alagoana, estudantes, professores e técnicos, que estavam ali presentes, um pensar sobre a realidade atual.

Segundo a professora Lígia, o debate trouxe, essencialmente, uma visão educacional voltada para as relações étnicos e sociais, apontando como o espaço pedagógico pode tratar de questões raciais, como o preconceito, a discriminação e o racismo, que a sociedade brasileira ainda apresenta, focando mais especificamente no estado de Alagoas.

A docente também ressaltou a importância do debate. “Um momento como esse é de extrema importância no estado. Nós tentamos trazer hoje uma reflexão sobre dia 13 de maio [dia da abolição da escravatura], que não nos representa, porque não é o dia da abolição para nós”, afirma. “Na verdade, foi só uma assinatura monárquica, que deixou de ser para trazer uma vivência de pessoas que foram escravizadas, oprimidas, maltratadas e que ficaram à mercê da realidade, sem nenhuma recompensa pelos trabalhos que realizaram. É por isso até hoje nós temos pessoas nas periferias, empobrecidas”, enfatizou.

Além dessas discussões, o NEAB está elaborando um documento sobre propostas de ações afirmativas na pós-graduação para pessoas negras, indígenas e com deficiência. Desenvolve, ainda, 15 projetos de extensão, além de participar de discussões realizadas em movimentos negros, escolas, na Universidade e em comunidades quilombolas e religiões de matrizes africanas.