Estudantes de Teatro vão raspar cabeça no Centro de Maceió

Performance vai retratar aspectos do estereótipo feminino e questionar padrões impostos pela sociedade

05/05/2017 12h35 - Atualizado em 22/11/2021 às 09h05
Arte de divulgação

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Simoneide Araujo – jornalista colaboradora

O que a sociedade impõe às mulheres, o que elas podem ou não fazer de acordo com os padrões determinados, o que é coisa de homem, ou de mulher? Esses são alguns dos questionados que vão compor a performance Sem Moldura, que será apresentada por estudantes do curso de Teatro, na próxima segunda-feira (8), às 14h, na Praça Dom Pedro II, em frente à Assembleia Legislativa de Alagoas, no Centro de Maceió.

Esse trabalho surgiu a partir de inquietações pessoais de Rozebel Tenório, granduanda do 6º período da licenciatura em Teatro da Universidade Federal de Alagoas, e de pesquisa que ela mesma está fazendo com mulheres de Maceió que rasparam a cabeça por diversos motivos, inclusive câncer. Será uma atividade das disciplinas Laboratório de teatro de rua e performance e, Pesquisa em arte cênica, com orientação dos professores José Acioli Filho, Ivanildo Piccoli e Washington da Anunciação.

Rozebel explica que a ideia já existia há muito tempo, porque ela se inquieta com os padrões impostos pela sociedade em relação à mulher. “Há essa história de que mulher tem que usar rosa, mulher tem que usar salto alto, enfim, são muitas questões, por isso tive a ideia de fazer essa ação que servirá, também, como atividade prática das disciplinas”, justificou.

A performance

Dois rapazes vão raspar a cabeça e, em seguida, três garotas também farão o mesmo. “Eu, Yolanda Ribeiro e Elis Maria vamos raspar a cabeça; vamos ficar carecas. Cada uma está com tamanhos diferentes de cabelo – curto, médio e longo. Quero mostrar que posso ser mulher e não ter cabelo; é uma decisão minha, ou seja, de cada mulher que decidir fazer qualquer coisa que foi ou é convencionada só para homens”, revelou Rozebel.

Ao mesmo tempo, outras 26 mulheres estarão vestidas de preto, amarradas com cordas de sisal e, em cada corpo, estarão colados vários objetos do universo feminino. “Depois que eu e mais as duas garotas já estivermos carecas, as 26 mulheres vão se desamarrando, tirando tudo que está preso ao corpo como sinal de libertação e, aí, elas vão fazer uma coreografia, cada uma com seus movimentos livres que lembrem coisas que a sociedade diz que só os homens podem fazer e, também, o que é determinado para as mulheres”, completou a estudante.

O grupo também quer mostrar que cada mulher pode decidir o que quer fazer e como fazer, sem que a sociedade imponha as regras. A ideia é para chamar atenção, de forma que as pessoas abram espaço para esses questionamentos.

Todo trabalho será registrado com fotos e filmagens. Um grupo de seis discentes, coordenados pelo professor Washington da Anunciação, vai captar todos os momentos da performance e a reação do público. Como resultado prático será a montagem de uma exposição fotográfica. 

Depois dessa ação, Rozebel vai visitar as crianças da Apala, entidade que presta assistência a crianças e adolescentes com todo tipo de câncer e adultos com leucemia. “Vou chegar lá de cabeça raspada e muitas das crianças também estarão carecas, só que por causa do câncer. Quero conversar com elas, saber o que pensam; também vou fazer doação dos meus cabelos”, disse.