Vice-reitor lança livro sobre História do Brasil numa perspectiva crítica

Obra é fruto de pesquisas do professor, desde a graduação, até o encerramento do doutorado

05/10/2017 20h14 - Atualizado em 07/10/2017 às 16h09
Vice-reitor lança livro sobre História do Brasil numa perspectiva crítica (Foto - Taciane Teixeira)

Vice-reitor lança livro sobre História do Brasil numa perspectiva crítica (Foto - Taciane Teixeira)

Márcio Cavalcante - jornalista colaborador

Foi difícil encontrar um lugar no estande da Editora da Universidade Federal de Alagoas (Edufal) na noite da última quarta-feira (4) diante do grande número de leitores que lotaram a noite de lançamento de 12 novos títulos da editora, durante a programação da 8ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas. Dentre as obras estava a do vice-reitor da Ufal, José Vieira da Cruz.

Para José Vieira, a Bienal é um momento que revela a Ufal como cumpridora do papel de maior agente cultural do Estado de Alagoas, difundindo a cultura através da literatura e da produção de ciência. “Além dos inúmeros livros lançados, são mais de 70 eventos culturais e acadêmicos que estão acontecendo simultaneamente ao longo destes 10 dias da 8ª Bienal”, frisou.

“Este não é um momento exclusivo da Universidade, mas da sociedade alagoana, quando Alagoas passa a ser vista como um lugar no mundo em que o livro liberta e revela outros caminhos, mostrando que o conhecimento é uma forma de emancipação das pessoas”, disse o vice-reitor, que emendou agradecimentos pelo trabalho da Edufal.

A produção científica local tem valor universal

Sobre seu livro, Vieira observa que ele é fruto de suas pesquisas ao longo de sua vida acadêmica, desde a graduação, passando pelo mestrado e encerrando o doutorado. “Não é um trabalho sobre o movimento estudantil, muito menos um trabalho sobre história regional. Em todo o tempo, importamos leituras da Europa ou do sudeste brasileiro, dentro de uma perspectiva que estas produções são universais, e o que fazemos no local e regional. Isso mostra como nós somos colonizados”, assevera.

“É um texto sobre a História do Brasil, a partir da História de Sergipe, e é tão universal quanto fosse sobre o Rio de Janeiro, Brasília ou qualquer lugar. E nele eu não tento agradar as correntes políticas do meu tempo, eu tento fazer um trabalho que atravesse os tempos por sua solidez e sustentação pela pesquisa”, conclui.

Lançamentos da Edufal são resistência aos cortes em pesquisa

A reitora Valéria Correia destacou a importância dos livros que foram contemplados por edital público, com objetivo de fomentar a produção de conhecimento científico no ambiente acadêmico. A noite seguiu com sessão de autógrafos dos autores pesquisadores de diversas áreas do conhecimento, como História, Sociologia, Serviço Social, Enfermagem, Políticas Culturais, Educação e Saúde.

Correia ressaltou a satisfação em a Universidade protagonizar esta política de produção de literatura científica, num momento em que a universidade brasileira é vitimada por cortes no orçamento, restando que todo o trabalho realizado se constitui uma resistência à crise.

“Este é o momento auge da Bienal, quando a produção acadêmica dos nossos professores, em cooperação com os estudantes, é publicizada e colocada à disposição da sociedade alagoana, brasileira. Desde o edital lançado em janeiro de 2017, são 50 livros selecionados para publicação com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal)”, externou.

Apostas na investigação científica e em publicações acadêmicas

Na contramão dos cortes de orçamento em educação e ciência que ocorrem por todo o país, Valeria Correia destacou que a Fapeal tem investindo em pesquisa para impactar a sociedade através da produção de conhecimento. “E este grande feito se concretiza com o trabalho da Editora da Universidade, a Edufal, cuja equipe de mais de 100 técnicos e mais de 200 estudantes da Ufal, trabalham arduamente para realização desse lindo evento”, parabenizou.

Em agradecimentos ao vice-reitor José Vieira da Cruz, pelo companheirismo na gestão da Universidade, a reitora anunciou o lançamento do título Da autonomia à resistência democrática: movimento estudantil, ensino superior e a sociedade em Sergipe (1950-1985), de Vieira.

“Neste livro, Vieira trata de um período da Universidade, contribuindo com a História, através do lançamento de sua grande produção acadêmica, sua pesquisa de doutorado, o que faz desta noite um momento ainda mais especial, porque temos o professor Vieira lançando este documento que contribui com a ampliação do debate sobre a Universidade no Brasil”, destacou Valéria.

A diversidade de saberes

A noite de lançamentos de novos títulos da Edufal foi protagonizada por outros 11 autores de diversas áreas do conhecimento, desde as Humanidades, passando pelas Ciências da Saúde e, inclusive, abrangendo o campo da Cultura. E foram eles: “As repúblicas em Alagoas”, organizado por Michelle Reis de Macedo; “Nas travessias do tempo”, de Marcelo Goes; “O sentido do trabalho intelectual no discurso da enfermagem”, de Silva e Bezerra; “A gravidez pós-estupro”, de Regina Alves; “Serviço social, universidade e realidade”, organização de Lusa e Medeiros; “Pluralidades Cênicas”, organizado por Ferraz e Cabral; “África & Brasil”, de Melo Silva e Carvalho (organizadores); “História da escravidão em Alagoas”, organizado por Marques, Melo Silva e Teixeira; “Saúde mental e sociedade”, de Trindade (organizadora); “Gestão da educação”, de Costa; e “Os trabalhadores da cultura no Brasil”, uma organização de Elder Maia.