Reitora defende transporte universitário em reunião com prefeitos

Mobilidade estudantil apoiada pelos municípios representa condição de permanência para muitos alunos

18/10/2017 15h33 - Atualizado em 20/10/2017 às 10h10
Em Maceió, mais de 13 mil moram na capital e estudam no campus sede, mas 615 são do município de Rio Largo, 277 de São Miguel dos Campos e 265 de Arapiraca.

Em Maceió, mais de 13 mil moram na capital e estudam no campus sede, mas 615 são do município de Rio Largo, 277 de São Miguel dos Campos e 265 de Arapiraca.

Letícia Sant’Ana - estagiária de Jornalismo

A reitora Valéria Correia pediu o apoio dos prefeitos para manter o transporte universitário em reunião realizada na segunda-feira (16) na sede da Associação de Municípios Alagoanos (Ama). Na ocasião, Correia apresentou dados sobre o perfil socioeconômico dos estudantes de graduação no Brasil, além de informações sobre os discentes da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) para reforçar a importância da manutenção do apoio dos municípios na mobilidade estudantil.

A porcentagem de estudantes nas universidades públicas brasileiras com renda per capita de até um salário mínimo e meio passou de 3% para 32%, de 1996 a 2014. É o que diz a 4ª Pesquisa do Perfil Socioeconômico e Cultural dos Estudantes de Graduação das Instituições Federais de Ensino Superior Brasileiras, organizada pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e pelo Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Estudantis (Fonaprace), apresentada durante a reunião da Ama.

A reitora mostrou ainda durante a sessão, dados sobre o processo de expansão das universidades públicas brasileiras. “A Ufal mais que duplicou o número de vagas com o processo de interiorização. Temos hoje 99 cursos de graduação, 41 mestrados e 14 doutorados bem conceituados. São mais de 30 mil estudantes e nos preocupamos com a permanência deles na Universidade”, explicou. Apesar da existência do Programa Nacional de Assistência Estudantil, em vigor desde 2010, os recursos são insuficientes para atender a demanda. “Cada vez mais, filhos de trabalhadores e trabalhadoras estão tendo a oportunidade de realizar o curso superior, entretanto os recursos da Assistência Estudantil não têm aumentado, principalmente no último ano”, explicou.

Outro estudo apresentado foi o relatório de estudantes da Ufal, que traz uma noção do fluxo de deslocamento dos alunos entre os municípios alagoanos, registrados a partir de dados dos estudantes matriculados em cursos de graduação presencial no semestre 2016.1, disponíveis no SieWeb. Em Maceió, mais de 13 mil moram na capital e estudam no campus sede, mas 615 são do município de Rio Largo, 277 de São Miguel dos Campos e 265 de Arapiraca. “Isso é uma amostra, pois muitos não informaram o endereço completo ou esquecem de registrar o município, mas já são números significativos que expressam a necessidade do transporte para a mobilidade estudantil”, completou Correia.

Representando a Controladoria-Geral da União (CGU), Sérgio Studart elogiou o estudo apresentado pela reitora durante a reunião da Ama, reforçando que isso é apenas a ponta do iceberg, porque ainda existem as informações sobre os alunos das universidades privadas. “Estou impressionado. Isso é realmente um trabalho necessário para que se possa tomar uma decisão. Não é possível fazer nenhum planejamento sobre transporte ou qualquer outra coisa sem informação. Esse tipo de estudo nos mostra qual o problema para assim correr atrás da solução. Foi muito adequado e pertinente”, elogiou.  

Transporte e moradia

A evasão, segundo Valéria, acontece principalmente pela falta de condições de permanência dos alunos na Universidade. “O transporte é hoje uma condição que os senhores e senhoras podem dar para a juventude dos seus municípios porque o processo de formação desses estudantes vai garantir o sonho deles e delas e também o retorno para o município com o acesso ao ensino superior”, afirmou.

Complementando o pedido da reitora, a deputada Jó Pereira convidou os presentes na reunião para a Audiência Pública da próxima segunda-feira (23), que discutirá o transporte e moradia estudantil: permanência e êxito acadêmico. “Nossa preocupação é discutir a problemática de maneira ampla e ver que a dificuldade não é só do município de Campo Alegre ou Coruripe, mas uma dificuldade que precisa ser compartilhada para dividir a solução dos problemas”. Segundo a deputada, a discussão conjunta poderia culminar, inclusive, com a oferta de moradia compartilhada entre vários municípios, o que ajudaria os estudantes e diminuiria os riscos de acidentes no percurso.

A reunião foi finalizada com o agradecimento da reitora Valéria Correia pela oportunidade de expor o problema e parabenizou os prefeitos que apoiam e disponibilizam o transporte para os estudantes. “Esse é um investimento importante. Meu apelo de solidariedade é que, mesmo nessa crise, se priorize o presente e o futuro da juventude”, reforçou. 

Confira aqui o relatório da Proest sobre os estudantes da Ufal por munício de residência. 

Veja no anexo a Pesquisa Nacional de Perfil dos Discentes das Ifes.