Precarização da Educação a Distância é debatida na Bienal

Atividade debateu as consequências da crise orçamentária na realidade da Universidade Aberta do Brasil

02/10/2017 20h13
Atividade debateu as consequências da crise orçamentária na realidade da Universidade Aberta do Brasil

Atividade debateu as consequências da crise orçamentária na realidade da Universidade Aberta do Brasil

Marcio Cavalcante – jornalista

A Coordenadoria Institucional de Educação a Distância (Cied) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) realizou no último sábado (30), uma mesa-redonda para debater as consequências da crise orçamentária na realidade da Universidade Aberta do Brasil (UAB). O encontro, que integrou a programação da 8ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas, em Maceió, aconteceu sob a orientação do coordenador da Cied, professor Gustavo Madeiro da Silva, e contou com a presença do assessor de Intercâmbio Internacional (ASI), professor Aruã Lima.

Madeiro e Lima traçaram uma linha de pensamento que questiona os rumos da educação no Brasil, em especial a Educação a Distância (EAD), e seu histórico processo de precarização. Aruã Lima observou que, em países asiáticos, a exemplo do Japão, onde há um grande investimento dos empresários locais, as pesquisas realizadas pelas universidades públicas atendiam especialmente as demandas dos empresários investidores, o que representa um grande risco para a Ciência em geral. Lima destacou, portanto, a necessidade de investimento público nas universidades para abrangência dos campos de pesquisas e amplitude das descobertas científicas.

“O que foi feito, no que tange à pesquisa, na Ásia e na América Latina, na mesma época após a Guerra Fria, nos mostra dois panoramas e duas agendas completamente diferentes: a Ásia amplamente industrializada e a América Latina comprometida, especialmente, com o desenvolvimento de pesquisas em Ciências Humanas”, destacou Lima.

Falta de investimentos

Para Madeiro, a distinção dos sistemas público e privado, com surgimento no Brasil após os anos 1950, é fator importante na precarização do ensino, quer da educação básica, quer do ensino superior. “Historicamente, o Brasil tem precarizado o ensino fundamental, abrindo mercado para escolas privadas oferecerem ensino de qualidade”, observou Madeiro, destacando que ao longo de décadas esta realidade passou a atingir a universidade brasileira.

“Mesmo com a guinada do acesso ao superior, o que pode ser observado nos últimos 12 ou 13 anos no Brasil, principalmente considerando o ensino a distância, é um episódio acentuado de precarização. Tal crescimento se deu, certamente, pelas facilidades do grande empresariado encontrar subsídios junto ao Poder Público para implantação de sistemas de educação a distância, oferecendo educação através de uma plataforma que barateia o processo e, em contrapartida, temos a baixa dos investimentos públicos na educação, sobretudo, no ensino superior”, adverte.

Por fim, Madeiro destacou que, apesar do esquecimento do Poder Público, a universidade pública é quem de fato produz ciência no Brasil.