Estudantes de escolas públicas encontram no Paespe chance de melhorar o aprendizado

Qualidade das aulas, metodologia do ensino e instrutores são algumas das vantagens apontadas pelos alunos

12/09/2016 08h39 - Atualizado em 13/09/2016 às 20h11
Alunos durante aulas do preparatório para o Paespe

Alunos durante aulas do preparatório para o Paespe

Thâmara Gonzaga - jornalista

Além de ensinar matemática, as aulas preparatórias para o exame de seleção do Programa de Apoio às Escolas Públicas do Estado de Alagoas (Paespe), iniciativa realizada na Ufal, também ajudam a traçar metas, elaborar planos e acreditar no sonho.

A estudante Ester Maria dos Santos Silva, de 14 anos, já faz parte do Paespe Júnior, que atende alunos do 9º ano do Ensino Fundamental ao 1º ano do Ensino Médio, e está se preparando para fazer parte de outra modalidade ofertada, direcionada para aqueles que cursam o 2º ano do Ensino Médio.

Matriculada numa escola pública estadual no bairro do Clima Bom II, ela conta que conheceu o Programa em 2015 por meio de um colega. “Achei interessante e me inscrevi”, diz. Desde então, ela comparece ao Centro de Tecnologia (Ctec) da Ufal para aprender mais sobre a disciplina da área de exatas.

Ester cita com clareza as vantagens de participar da atividade. “O curso é gratuito e trabalha a matemática, que é uma das minhas dificuldades”, afirma. “As aulas são dinâmicas, divertidas e os professores são muito legais.  Teve uma aula em que aprendemos como medir espaços e fizemos isso na prática”, relata.

A estudante também ressalta como o conteúdo da disciplina é ensinado. “Aqui exploram muito os temas e vejo assuntos com antecedência. Aprendi no Paespe sobre função quadrática, quando o professor passou na escola, eu já sabia e, na hora da prova, tirei a nota máxima”.

Ao falar sobre o futuro profissional, Ester conta, com uma precaução de quem sabe dos desafios que ainda vai encontrar pela frente, que o sonho dela é grande. “Quero ser médica e estou estudando muito para isso”, diz.

A mãe dela, Verineide Maria dos Santos, é companheira nessa jornada de estudos. Ela leva a filha até a Ufal e fica esperando, sentada numa cadeira no fim da sala, enquanto Ester acompanha cada explicação nas primeiras filas. “Venho com ela desde o dia da inscrição. A educação é o único tesouro que posso deixar pra eles. Não consegui concluir meus estudos, mas quero deixar essa riqueza”, contou. E Ester gosta da companhia da mãe. “Sinto-me segura”. Além de Ester, dona Verineide agora também traz o filho Estêvão dos Santos, de 10 anos. Estudante do 5º ano do Ensino Fundamental, ele está se preparando para fazer parte do Paespe Júnior.

A aluna Ingrid Millene, 18 anos, também quer ser médica e considera o Paespe uma possibilidade para se preparar melhor. “É o meu sonho. Meu pai é médico e isso é um incentivo maior”. Ela estuda o 2º ano do ensino médio em uma escola pública estadual do Centro de Estudos e Pesquisas Aplicadas (Cepa). “Fiquei sabendo do preparatório por meio da pró-reitora [de Graduação] Sandra Regina e também vi no site da Ufal”, relatou. E Ingrid gostou bastante da metodologia adotada no programa. “As aulas são dinâmicas e legais. Os professores são mais próximos, incentivam muito a gente para aprender. Há uma rigidez no repasse do conteúdo e eles tiram nossas dúvidas”, descreve.

Preparatório para o Paespe

Todas as sextas-feiras, cerca de 130 alunos do ensino fundamental (9º ano) e ensino médio (1º e º anos) de escolas públicas, divididos em turmas pela manhã e tarde, participam de aulas de matemática para fazer a prova de seleção do Paespe.

Os instrutores são ex-alunos do Programa que estudam na Ufal. “Durante as aulas, tentamos mostrar a eles as oportunidades de conviver numa instituição de renome como a Ufal, aumentando a autoestima deles. Tudo isso por meio de um forte conceito de cidadania”, destaca o coordenador-geral do Programa, professor Roberaldo Carvalho. “O desafio é evitar a evasão. Por isso, sempre estamos elaborando novas atividades para firmar os alunos no programa”, acrescenta.

Sobre o Paespe

Com o objetivo de complementar e suprir a carência dos estudantes do ensino médio de escolas públicas do Estado de Alagoas, a primeira turma do Paespe foi formada em 1992. Parou por um período e, desde 2004, realiza continuamente as atividades de aulas preparatórias, palestras, cursos de informática para alunos, pais e vizinhos, além de visitas técnicas aos laboratórios da Ufal e de outras instituições.

“Conquistamos infraestrutura ao longo dos anos. Hoje, temos um espaço exclusivo destinado para as ações do Programa. A construção foi conquistada por meio da submissão de projeto ao edital nacional de financiamento da Finep”, relembra o coordenador.

Para participar do processo seletivo 2017, é preciso se inscrever no site da Copeve e participar de uma prova. Para saber mais, acesse o link.