Engenharia Química é destaque internacional com pesquisa de aluno

João Luís Lemos publicou artigo na revista científica Journal of Physics

01/09/2016 17h00 - Atualizado em 02/09/2016 às 16h24
João Luís Lemos Fontes, de Engenharia Química

João Luís Lemos Fontes, de Engenharia Química

Lenilda Luna - jornalista

Por meio do programa Ciência Sem Fronteiras, o estudante de graduação em Engenharia Química da Universidade Federal de Alagoas, Joao Luís Lemos Fontes Silva Costa, realizou um intercâmbio na University of Strathclyde na Escócia (Reino Unido), no período de junho de 2014 a agosto de 2015.

"Após meu retorno, continuei em contato com os orientadores e conseguimos finalizar a publicação que foi submetida no início deste ano e publicada em 28 de julho, na revista Journal of Physics: Condensed Matter", informa o estudante. O trabalho de João Luís, intitulado Aggregation of model asphaltenes a molecular dynamics study é na área de produção de petróleo. "É um estudo teórico sobre como simulações de dinâmica molecular podem estar relacionadas com a obtenção de modelos que representem de forma significativa os compostos chamados 'asfaltenos'. Estes são basicamente a fração mais pesada do petróleo bruto e trazem uma série de complicações no transporte, refino e na extração do petróleo", explica.

A pesquisa, embora teórica, pode ter uma aplicação importante numa área estratégica para a economia em nível internacional. "O principal problema relacionado com estes compostos é que eles são extremamente difíceis de se caracterizar. Cada reserva de petróleo possui asfaltenos com propriedades diferentes e até hoje não existe um modelo que represente satisfatoriamente o comportamento dos asfaltenos. O trabalho publicado pelo nosso grupo de pesquisa propõe um estudo computacional como um possível modelo que poderia representar estes compostos", detalha João Luís.

Segundo o estudante, a pesquisa sobre os asfaltenos ainda é pouco abordada no Brasil, mas está tendo muitos investimentos no exterior. "A indústria da produção de Petróleo tem interesse nessa pesquisa e, nas universidades europeias existem publicações recentes sobre o tema, porque estas partículas interferem na pureza dos combustíveis produzidos a partir do petróleo. Esses asfaltenos tem uma certa polaridade e formam 'pedras' que podem danificar equipamentos de extração, entupir reservatórios e prejudicar o refino. Por isso é importante encontrar um modelo teórico para resolver um problema prático", relata o estudante.

Sobre a experiência de participar da pesquisa durante a graduação sanduíche na Escócia, João Luís ressalta a importância dessa oportunidade para a sua formação acadêmica. "É muito enriquecedor, porque eu vivi situações que nunca imaginei, como enfrentar a barreira do idioma e conviver com pessoas de várias partes do mundo. Um dos meus orientadores é chinês, um dos meus amigos de graduação é um romeno, os colegas da pós-graduação eram de países diversos, então, foi muito bom lidar com tantas pessoas diferentes trabalhando por um mesmo objetivo", destacou o estudante.

Avaliando as condições de pesquisa, João Luís ressaltou as diferenças na infraestrutura dos laboratórios que são bem mais equipados dos que ele conhece aqui no Brasil. "Mas, em termos de capacitação teórica, temos pesquisadores muito bem preparados na Ufal, em condições de liderar pesquisas importantes. Meus orientadores reconheceram essa formação e gostaram do que realizamos juntos e querem que eu volte para continuar os estudos e a pesquisa", declarou.

João Luís está terminando a graduação na Ufal com muito interesse em retornar à Escócia. "Minha preocupação é como conseguir uma bolsa para financiamento da pós-graduação, porque não tenho condições de arcar com esse investimento. Sabemos que o momento é complexo, mas vamos manter uma expectativa positiva. Quem sabe posso voltar a pesquisar com meu grupo na Escócia", planeja o estudante.

Leia o artigo em anexo.