Audiência pública avalia os cem primeiros dias de gestão da Ufal

Reitora Valéria Correia reitera o princípio de fortalecer a transparência e a participação democrática

03/05/2016 12h40 - Atualizado em 04/05/2016 às 11h27
Reitora explica a atual conjuntura de contas da Ufal. Fotos: André Ferro

Reitora explica a atual conjuntura de contas da Ufal. Fotos: André Ferro

Lenilda Luna - jornalista

Estudantes, docentes e técnicos participaram, na manhã desta terça-feira (3), no auditório da Reitoria, da audiência pública para a avaliação dos cem dias de gestão da reitora Valéria Correia e do vice-reitor José Vieira. A abertura contou com a apresentação de parte dos integrantes do Corufal, que interpretaram clássicos da música popular brasileira.

Ao iniciar a apresentação, a reitora agradeceu a presença da comunidade universitária. "Precisamos fortalecer essa cultura de prestação de contas e de transparência na gestão da Ufal. Os segmentos que compõem a Universidade precisam conhecer melhor o funcionamento da instituição para opinar. Em 2017, queremos implantar o Orçamento Participativo", destacou a reitora.

Valéria Correia também discorreu sobre o difícil momento que o país atravessa e que tem reflexos negativos nas universidades, tanto do ponto de vista político, quanto econômico. "Vimos recentemente a Justiça proibindo debates nas universidades de Goiás e do Rio Grande do Sul. A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) emitiu nota repudiando essa postura. As universidades devem primar pela liberdade de pensamento e debater todas as questões da atual conjuntura", defendeu a reitora.

A reitora criticou, ainda, a recente derrubada dos vetos do governador Renan Filho, pelos deputados, à Lei da Escola Livre. "As entidades da Ufal, DCE, Sintufal e Adufal, assim como alguns professores e a Pró-reitoria de Graduação se posicionaram publicamente contrários à essa lei, porque ela fere a garantia de livre pensamento definidas nos artigos 206 e 207 da Constituição Federal", declarou Valéria Correia.

No aspecto econômico, a reitora ressaltou que desde 2015 as universidades estão sofrendo cortes no orçamento por causa do contingenciamento de verbas para a educação. "São notícias preocupantes que precisamos tornar públicas para enfrentarmos juntos esse cenário complexo, que vai exigir de todos nós um compromisso para manter a Universidade com qualidade de serviços para a população", disse Valéria Correia.

Desafios

O vice-reitor José Vieira apresentou os desafios encontrados pela atual gestão, entre eles: os marcos regulatórios defasados; ausência de um quadro claro do corpo docente e técnico; setores com poucos técnicos de carreira; e fragilidade de uma cultura democrática e participativa. "Precisamos enfrentar essas questões coletivamente. Estamos estabelecendo grupos de trabalho para atualizar o Estatuto e o Regimento, contemplando os novos campi", destacou.

José Vieira falou da importância do diálogo e da crítica para encontrar alternativas. "Uma instituição forte é aquela em que seus membros se identificam como parte dela. Esse pertencimento é fundamental para enfrentarmos juntos os vários desafios para garantir uma universidade pública, de qualidade e voltada para toda a sociedade", enfatizou o vice-reitor.

Ações para 2016

Entre as ações definidas para este ano, foram pontuadas algumas, como: reduzir o tempo de espera no horário de maior frequência de comensais no Restaurante Universitário; dinamizar os fluxos de processos; implantar a ciclovia; fazer funcionar os espaços colegiados para deliberações coletivas; redimensionar o pessoal técnico e docente e fortalecer a política de qualidade de vida no trabalho.

O vice-reitor informou que já foi enviada ao Governo Federal a minuta de Plano de Carreira e Cargos de Magistério do Ensino Básico Técnico e Tecnológico (EBTT), que deve voltar para discussão interna. "Faz parte de uma política de valorização da carreira do servidor, que deve ser fortalecida em vários aspectos", destacou José Vieira.

Também foi apresentada a proposta, que já está em curso, de formatura social. "Queremos humanizar e qualificar a colação de grau dos estudantes que não têm condições para financiar uma solenidade de formatura. Já fizemos a primeira formatura social e teremos outra ainda essa semana, garantindo apresentações culturais e toda a comemoração que esse momento requer", relatou a reitora Valéria Correia.

As ações e propostas apresentadas serão encaminhadas por coletivos que atuam junto às pró-reitorias e aos órgãos de apoio, como os grupos de trabalho e comissões formadas pelos três segmentos da Universidade. "Estamos realizando as plenárias com estudantes e técnicos, nos três campi, para criar os fóruns destes segmentos. Essa política de consulta e trabalho conjunto com a comunidade universitária deve ser uma rotina nessa gestão", finalizou a reitora Valéria Correia.