Pesquisa com nanopartícula destaca Instituto de Física no cenário mundial

Professor Carlos Jacinto é o coordenador do estudo no Brasil que resultou em publicações Qualis A1

27/04/2016 13h19 - Atualizado em 28/04/2016 às 16h47
Carlos Jacinto, professor do Instituto de Física

Carlos Jacinto, professor do Instituto de Física

Diana Monteiro - jornalista

Referência em estudos científicos desenvolvidos com projeção nacional e internacional o Instituto de Física (IF), da Universidade Federal de Alagoas é mais uma vez destaque no rotineiro mundo científico. Artigos que tratam sobre o uso de nanopartículas envolvendo pesquisadores da Ufal, da Universidade Autônoma de Madri (Espanha) e Universidade de Aveiro (Portugal) foram publicados nas revistas Nanoscale e Nano Letters, consideradas Qualis A1 pela Capes em áreas como física/astronomia, medicina química, biotecnologia. Estão na lista, revistas como Nature, Science, Physical Review Letters, dentre outras.

A pesquisa no Brasil tem a coordenação do professor Carlos Jacinto da Silva e na Espanha é coordenada pelo professor Daniel Jaque García, pesquisador visitante especial (pve) dentro do projeto e colaboração financiado pela Capes entre as respectivas instituições de ensino superior. São autores dos artigos sobre o estudo científico: Erving C. Ximendes, aluno do doutorado do IF e os pós-doutorandos Weslley Q. Santos Aquino e Uéslen Rocha Silva, respectivamente supervisionados por Carlos Jacinto e Daniel García.

O professor Jacinto destaca que na Revista Nanoscale foi publicado o artigo Self-monitored photothermal nanoparticles based oncore - shell engineering, de autoria de Erving Ximendes, que trata sobre a sintetização de nanopartículas com formato caroço-casca, segundo ele, o que é chamada em inglês de core-shell, com funcionalidades preestabelecidas, ou seja, com capacidade de atuarem como nano aquecedores e nano termômetros, usando apenas uma única nanopartícula: “Além, disso, para ativá-las é necessário somente um laser comercial e barato emitindo energia em uma região desejada, 800nm. Essa é hoje uma demanda forte da ciência para soluções de vários problemas que vão de biomedicina a nanotecnologia e nano engenharia”, enfatizou Carlos Jacinto.

O professor informa que a nanopartícula foi feita no laboratório do Instituto de Física da Ufal e acrescenta que vários pesquisadores de renomadas universidades do mundo também vinham realizando estudos semelhantes visando fazer os citados aquecimento e leitura, mas utilizando sistemas híbridos. “O que pode não ser muito interessante, principalmente em sistemas biológicos. Mas, não somente porque os componentes [aquecedor e sensor] podem ser separados de alguma forma”, enfatiza Carlos Jacinto.

Ele destaca que algumas abordagens ou possibilidades têm sido apresentadas na literatura para se obter simultaneamente aquecimento local induzido e leitura da temperatura local. “Essa é uma área muito interessante porque podemos medir temperaturas muito localizadas, como por exemplo, dentro de uma célula, em um micro canal, o que não é possível com termômetros iniciais, isso usando uma única nanopartícula”, disse.

Carlos Jacinto acrescentou ainda que ficou demonstrado no estudo como uma nanopartícula com a estrutura core-shell pode ser útil no controle dos processos de transferências de energia entre íons iguais e diferentes. E complementa: “Ou seja, que pode controlar processos que antes eram considerados praticamente impossíveis, pois os concebíamos como a natureza apresentávamo-nos”, afirma.

O artigo completo pode ser visto aqui.

Medidas em tempo real

A pesquisa com nanopartícula que resultou no artigo intitulado de Unveiling in vivo subcutaneous termal dinamics by infrared luminescente nanothermometers, de Weslley Aquino e Uéslen Rocha, além da Ufal e universidade espanhola, envolveu ainda a Universidade de Aveiro e teve a coordenação do professor Carlos Jacinto. Segundo ele, os autores apresentaram medidas dinâmicas de temperatura, ou seja, medidas em tempo real em modelo animal (ratos).

Segundo o professor, as pesquisas também tiveram como foco usar materiais que absorvessem e emitissem luz em regiões que tecidos biológicos mais transparentes. “Os materiais também foram produzidos no Instituto de Física da Ufal e nas citadas regiões, chamadas de janelas biológicas. Maiores penetrações em tecidos podem ser obtidas, assim como maiores resoluções e menos danos a tecidos sadios”, enfatizou o pesquisador.

Carlos Jacinto informou que conseguiu aumentar a sensibilidade do nano sensor térmico manipulando a estrutura core-shell da nanopartícula e com isso foi possível fazer medidas em tempo real da temperatura local induzida por luz. Ele enfatiza: “Fomos mais adiante, conseguimos quantificar as propriedades térmicas do tecido animal, embora com erros que precisam ser reduzidos, mas conseguimos”. E complementa: “Isso é muito importante porque pode ser em um futuro próximo um método de diagnóstico, pois já se sabe que essas propriedades são diferentes entre tecidos sadios e doentes”, diz o pesquisador destacando a importância e contribuição da pesquisa no cenário científico na área em estudo.