Palestras marcam debate sobre os 52 anos do Golpe Militar

Historiadora Michelle Reis falou sobre semelhança entre Governo João Goulart e o Governo atual

01/04/2016 13h45 - Atualizado em 22/11/2021 às 09h05
Evento foi organizado pelo Centro Acadêmico do curso de Direito da Ufal

Evento foi organizado pelo Centro Acadêmico do curso de Direito da Ufal

Diana Monteiro - jornalista

A corrupção não tem partido político”, assim declarou a pesquisadora Michelle Reis de Macedo durante palestra com o tema Construção social do golpe de 1964: uma abordagem histórica, no evento promovido pelo Centro Acadêmico Guedes de Miranda (CAGM), da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Alagoas, na manhã desta sexta-feira (1º de abril) no Centro de Interesse Comunitário (CIC). Michelle contextualizou a apresentação da temática fazendo a comparação entre o então Governo João Goulart, na década de 60, ao dos tempos atuais, ambos marcados por discursos anticorrupção, divisão das esquerdas, assim como prioridade de certos projetos sociais, dentre outras semelhanças.

A historiadora destacou que na década de 60 houve o agravamento da crise econômica no país, também sobreposta pela crise política e do empenho do então presidente João Goulart, até 1964, ano do golpe militar, para retomar a maioria de apoio do Congresso Nacional. Sobre a mobilização da sociedade, Michelle Reis enfatizou que assim como na década de 60, setores populares também se mostraram menos dispostos a ocupar as ruas, pelo que se viu recentemente. “Outra comparação entre os dois governos é quanto ao sentimento de abandono, que acomete a classe média, pois mesmo o governo com discurso popular mantém relacionamentos com grupos conservadores”, frisou.

A radicalização de posições políticas foi também contextualizada pela palestrante, segundo ela, onde “todos os lados” levantam a bandeira da democracia, mas com acusações entre si de prática de autoritarismo. O papel da mídia em todo esse processo também foi citado. “Temos uma mídia mais rápida e diferente da década de 60. Considero a rede social Facebook uma arma perigosa, porque todo mundo virou formador de opinião”, e complementa: “A sociedade é complexa e não dá pra se fazer divisão como pensamos. O resultado desse momento por que passa o Brasil é imprevisível, requer profunda reflexão e pode resultar em imprevistos”, frisou Michelle, professora de História do Brasil e História Indígena, da Universidade Federal de Alagoas. Também foram convidados para proferir palestras sobre os 52 anos do Golpe Militar os professores George Sarmento, Hugo Leonardo, Graça Gurgel e Vivianny Galvão.