Manuella Soares – jornalista

“Estou assumindo no momento mais delicado da história da UAB”. A frase é de quem está trazendo para si a responsabilidade de dar continuidade ao que é considerado um dos maiores avanços da Universidade Federal de Alagoas: fazer parte da Universidade Aberta do Brasil, principal projeto de Educação a Distância na Ufal. Ciente da realidade da EAD, o novo gestor da Coordenadoria Institucional de Educação à Distância (Cied), Gustavo Madeiro, trabalha com pés no chão e “mangas arregaçadas” para desenvolver projetos viáveis.

“É um prazer e uma honra muito grande a confiança dada pela equipe da Cied e da Reitoria. É um grande desafio porque, de um lado a EAD tem muitas potencialidades, principalmente num Estado pobre como o nosso, com muitas precariedades, mas também porque o momento da EAD não é muito bom, é um período de retração. Há alguns anos cresceu muito, inclusive internamente, em número de cursos, de alunos, mas desde o ano passado a gente vem numa retração muito grande”, ressaltou Gustavo Madeiro.

Dinâmico, ativo e prático são algumas das características de Madeiro que, em alguns minutos de conversa, logo são percebidas. E é esse conjunto que ele quer levar à frente de uma equipe pequena, mas com toda disposição para enfrentar as dificuldades postas pelas circunstâncias. O coordenador explica que os cortes orçamentários do Governo Federal têm impactos diretos nos projetos da EAD e, consequentemente a Ufal sente os respingos de imediato e a longo prazo.

“As perspectivas de futuro são negativas do lado do MEC, por não financiar mais tão fortemente. O problema é prioritariamente pela questão dos recursos. Eu acredito que num certo momento, quando tínhamos fonte de recursos, não foi feito tão adequadamente um planejamento de futuro para a EAD. Talvez tenha-se contado que o financiamento continuaria eternamente naqueles mesmos moldes. Mas pelo momento de crise fiscal e nacional, a EAD está sendo muito castigada”, destacou Madeiro.

Por outro lado, o coordenador da Cied, ao lado da sua vice, Mylena Soares, está focado em honrar os compromissos assumidos pela Ufal com seus alunos dos cursos à distância. “Os problemas já estão postos, então, nós vamos tentar resolver da melhor maneira possível, até porque, independentemente de financiamento, a Ufal tem obrigação com os alunos e os cursos. Esses problemas não vão ser um impeditivo pra que a gente oferte a melhor educação possível”, garantiu.

Metas para a gestão

Com a experiência de anos de sala de aula e a vivência como gestor na coordenação do curso de Administração Pública EAD, Madeiro chega à Cied com a missão de ”arrumar a casa” para melhorar o funcionamento do setor. Ele acredita que, independente de orçamento do MEC, já é possível tomar algumas iniciativas locais, realizando planejamentos com coordenadores e professores para racionalizar as atividades e o uso dos recursos na EAD com a realidade atual.

Entre as ações, o coordenador quer afinar os calendários entre os cursos, a duração, a forma de oferta e o uso dos tutores. “As diferenças entre os calendários implicam em dificuldades de organização e custeio. Pretendemos fazer um sistema informatizado de acompanhamento das viagens, dos custos, das datas e dos calendários para que todos do sistema EAD tenham acesso - coordenadores de polo, professores, etc. Isso vai melhorar a articulação interna em relação a marcação de transporte e abertura de cursos, por exemplo”, adiantou.

Formado em Administração pela Ufal, com mestrado pela UFPE e doutorado na CNAM de Paris, Gustavo Madeiro tem planos de integrar as atividades com outras instituições, especialmente o Instituto Federal de Alagoas (Ifal). “Já temos o uso comum de alguns polos e algumas atividades, só que a cooperação para por aí. A gente está planejando uma articulação maior, talvez até o planejamento conjunto de novas ofertas de cursos e novos polos. Esses contatos já foram iniciados”, disse Madeiro.

Internamente, a Cied vai criar no primeiro semestre deste ano um tipo de Conselho Superior de EAD para trabalhar as ações seguindo regimentos administrativo e pedagógico específico para a EAD, já que, segundo Gustavo, ao utilizar os mesmos dos cursos presenciais, causam algumas inadequações. “São ajustes que estamos tentando resolver junto com a comunidade acadêmica para dar continuidade à história de sucesso da Educação a Distância aqui na Ufal.

Estrutura

A Coordenadoria Institucional de Educação à Distância é um órgão de apoio subordinado ao Gabinete da Reitoria e conta com os seguintes núcleos: Comunicação e produção de materiais, Projetos e fomentos, Acompanhamento de polos e cursos. As equipes trabalham na adequação de materiais para fornecer aos polos, buscam editais de financiamento, dão suporte técnico e tecnológico interno, além de operacionalizar todas as demandas administrativas no custeio de viagens, passagens, diárias e bolsas de tutores.

A Ufal tem atualmente 10 polos de aulas presenciais, oferece 11 cursos de graduação e sete de especialização a distância, contemplando mais de três mil alunos que recebem a orientação de 220 tutores e 170 professores.