Estudantes e docentes do Ceca integram 1ª Caravana Agroecológica e Cultural de Alagoas

Diversas organizações e entes públicos participam da atividade que busca fortalecer a agroecologia na Zona da Mata alagoana

09/11/2016 08h49 - Atualizado em 14/11/2016 às 10h13
Arte de divulgação

Arte de divulgação

Thâmara Gonzaga - jornalista

Três dias na estrada para conhecer, partilhar e aprender por meio de experiências de sucesso em assentamentos localizados na região da Zona da Mata alagoana. Essa é a proposta da 1ª Caravana Agroecológica e Cultural de Alagoas, que apresenta uma programação diversificada com troca de saberes sobre cultivo, beneficiamento e comercialização de produtos, apresentação de casos empreendedores da agricultura familiar, momentos de conversa com agricultores e integração dos participantes em momentos artísticos com a valorização da alimentação e cultura locais.

As atividades têm como base o tema Mulheres camponesas e a construção da agroecologia na Mata Alagoana e serão realizadas de 10 a 11 de novembro. Durante esse período, estudantes e professores do Centro de Ciências Agrárias (Ceca) da Ufal, dos campi Murici e Satuba do Ifal, agricultores, representantes de núcleos agroecológicos de Alagoas, Pernambuco e Sergipe percorrerão as cidades de Messias, São Luís do Quitunde, Murici e Branquinha onde poderão vivenciar a realidade daqueles que trabalham com a produção de alimentos numa perspectiva orgânica. O objetivo, segundo a comissão organizadora, é “evidenciar as coquistas e os desafios da construção da agroecologia na Zona da Mata e provocar o fortalecimento da Rede Alagoana de Agroecologia”.

“Estamos muito animados e já nos últimos preparativos. A caravana possui vagas limitadas e, felizmente, já estão quase todas preenchidas”, comemora Leandro Benatto, integrante da Renda e membro da coordenação geral. “É um modo de promover, de evidenciar as experiências exitosas relacionadas à produção da agricultura familiar camponesa, com destaque para o papel da mulher nessa construção”, destaca.

O estudante de Agronomia, Jessé de Lima, defende que o evento “surge com uma missão muito especial de mostrar as experiências de sucesso da agroecologia no Estado de Alagoas”. “Proporciona também a nós estudantes a reflexão do nosso papel como futuros profissionais na disseminação do saber e das práticas agroecológicas aos agricultores, fortalecendo o laço entre a academia e o campesinato”, aponta.

Integrante da organização, ele ainda argumenta que a realização da atividade “proporciona o debate aprofundado sobre as diversas problemáticas do atual modelo de agricultura adotada no estado com o uso de agrotóxicos e da monocultura”. Para Jessé, é uma forma de promover “o respeito à diversidade, a valorização da cultura local, a reverência à mulher e ao seu trabalho, o carinho pela terra”. “Para assim podermos fortalecer a agroecologia em todos os âmbitos, construindo um modelo de cultivo e de vida sustentável em nosso amado estado”, conclui.

A 1ª Caravana Agroecológica e Cultural de Alagoas é uma realização do Núcleo de Estudos Agroecológicos Zumbi dos Palmares (NEA-ZP), Rede Nordeste de Núcleos de Agroecologia (Renda), Universidade Federal de Alagoas e Instituto Federal de Alagoas, com o apoio da Secretaria de Agricultura do Estado (Seagri) e Emater. Desde o mês de junho deste ano, os organizadores se reúnem para construir o evento.

Durante os dias de atividades, o coordenador destaca que os participantes irão trabalhar com “troca de saberes, reflexão coletiva e participativa, para propiciar e dinamizar a socialização de conhecimentos, o diálogo e a partilha de experiências”. “Esperamos garantir momentos de formação e integração sobre as práticas e os desafios da construção da agroecologia na Mata Alagoana”, afirma.

As caravanas agroecológicas pelo Brasil

Segundo Leandro Benatto, desde 2013, o movimento agroecológico no Brasil realiza caravanas por todo o país, reunindo estudantes, agricultores, professores, movimentos sociais, coletivos e gestores públicos. Uma experiência que, de acordo com o coordenador, tem mostrado uma diversidade de situações, contextos, povos e possibilidades.

Entre os muitos objetivos da caravana, está o de “fortalecer a agroecologia como projeto para o desenvolvimento territorial”. Ele explica que as atividades previstas buscam, por meio das visitas, momentos de intercâmbios, observações e conversas entre caravaneiros, famílias, grupos e coletivos. “É tarefa de exercitar um olhar conjunto e popular sobre os sistemas agroalimentares que compõem o território, além de afirmar e dar visibilidade aos anúncios, denúncias, conflitos, experiências de resistência, de autonomia e de organização que caracterizam os locais por onde as rotas passam”, argumenta.