Ufal dá início à nova etapa do projeto de extensão Hanseníase na Comunidade

Iniciativa tem objetivo de realizar o diagnóstico precoce da doença na população

25/01/2016 16h54 - Atualizado em 29/01/2016 às 14h12
Professora Clódis Tavares coordena o projeto Hanseníase na Comunidade

Professora Clódis Tavares coordena o projeto Hanseníase na Comunidade

Diana Monteiro - jornalista

Para marcar o Dia Mundial de Combate à Hanseníase, comemorado no dia 28 de janeiro, foi iniciada mais uma etapa do Projeto de Extensão Hanseníase na Comunidade com o objetivo de realizar o diagnóstico precoce da doença na população. As ações preventivas relacionadas a educação em saúde, exame de sintomáticos dermatológicos e identificação de casos suspeitos da doença, transcorrem em vários bairros de Maceió até o dia 28 de fevereiro.

Conforme a programação, na quarta-feira, dia 27, está definida a partir das 14h, no Instituto de Psicologia (IP), no Campus A.C. Simões, em Maceió, a Roda de Conversa com foco nos aspectos psicológicos e clínicos da hanseníase. Na manhã da sexta-feira, dia 29, uma exposição no hall do Hospital Universitário (HU) marcará as ações de educação em saúde, e à tarde, na Unidade Básica de Saúde (UBS), do bairro de Bebedouro, haverá o acolhimento a pessoas acometidas pela doença. Constam também da programação,  atividades junto aos prostíbulos da capital e à população de rua.

A coordenadora do projeto Clodis Tavares, da Escola de Enfermagem e Farmácia (Esenfar) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), informa que o projeto envolve, em suas ações, uma equipe multidisciplinar composta por 53 estudantes e cinco docentes e os casos suspeitos detectados da doença são encaminhados para as Unidades Básicas de Saúde (UBS) locais, próximas às residências dos examinados.

Cabe à equipe o trabalho multiplicador, treinamento de sensibilização e atualização em hanseníase e na busca ativa de casos e informações para a população por meio de palestras nas salas de espera da Associação de Deficientes Físicos de Alagoas (Adefal). “A população tem acesso ao diagnóstico e ao tratamento, bastando apenas ir à unidade de saúde mais próxima de sua casa. Caso a doença seja diagnosticada, o tratamento é gratuito e dura de seis meses a um ano nas unidades de referência da capital”, frisa a coordenadora.

Para o tratamento os pacientes são encaminhados ao Hospital Universitário (HU) ou ao 2º Centro de Saúde, na Praça da Maravilha, unidade de referência da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau).

Ações de extensão

A hanseníase é uma doença causada por um bacilo chamado Mycobacterium Leprae, que atinge preferencialmente a pele e os nervos da face, dos braços e pernas, levando à incapacidades físicas. Quando não diagnosticada precocemente, pode evoluir com deformidades, gerando o preconceito social. É considerada um problema de saúde pública no Brasil por apresentar o segundo maior coeficiente de incidência no mundo, concentrando 90% dos casos nas Américas.

A coordenadora Clodis Tavares destaca que a doença tem cura e a transmissão ocorre pelo convívio com pessoa doente multibacilar e sem tratamento. “A pessoa doente não tratada elimina bacilos ao respirar, falar e tossir. É importante saber que a hanseníase não é hereditária e há uma resistência natural contra essa doença”, enfatiza.

No Estado, o Projeto Hanseníase na Comunidade está em desenvolvimento desde 2008 e além da Esenfar envolve, na Ufal, a Faculdade de Medicina (Famed) e o Núcleo de Saúde Pública (Nusp). Tem a participação local do Movimento de Reintegração das Pessoas atingidas pela Hanseníase (MORHAN), coordenado pela professora do curso de Enfermagem, Rejane Rocha e das seguintes instituições de ensino superior: Faculdade Maurício de Nassau, Faculdade de Alagoas (FAL), Sociedade de Ensino do Nordeste (Seune) e na unidade local da Universidade Norte do Paraná (Unopar).

A pesquisa envolve uma equipe multidisciplinar formada por alunos dos cursos de Enfermagem, Farmácia, Psicologia, Serviço Social, Odontologia e Fisioterapia da Ufal e instituições parceiras com ações desenvolvidas nos 2º, 4º, 5º e 7º Distritos Sanitários de Maceió, vão contemplar este ano as estações de trem de Maceió e Rio Largo e para a pesquisa nos bairros da capital conta com o apoio da Igreja Evangélica Assembleia de Deus.

Dia Mundial de Combate à Hanseníase

O Dia Mundial de Combate à Hanseníase foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1954, a pedido do jornalista francês Raoul Follereau, conhecido na época do isolamento compulsório para as pessoas acometidas pela doença, como “o pai dos leprosos”. Ele dizia que era necessário um dia mundial de combate à “lepra”, como era conhecida a hanseníase, para que um dia ela deixasse de existir e também, que os doentes fossem tratados, respeitando-se sua dignidade e sua liberdade.