Laboratório DNA Forense impulsiona conhecimento científico e presta serviço à sociedade

Espaço de ensino, pesquisa e extensão dispõe também de setor estruturado para casos de identificação de pessoas desaparecidas

26/08/2015 12h31 - Atualizado em 26/08/2015 às 20h06
Professor Luiz Antonio, coordenador do Laboratório de DNA Forense, demonstrando o kit para a coleta de células bucais utilizado pelo TJ de AL

Professor Luiz Antonio, coordenador do Laboratório de DNA Forense, demonstrando o kit para a coleta de células bucais utilizado pelo TJ de AL

Diana Monteiro – jornalista 

Instalado num amplo e estruturado espaço para o desempenho de atividades científicas nas áreas das ciências biológicas e da saúde, o Laboratório DNA Forense da Universidade Federal de Alagoas tem quase duas décadas de funcionamento e é referência local e nacional pelo dinâmico trabalho que realiza. Além de promover o ensino, a pesquisa, extensão e formação de recursos humanos, destaca-se também, pelos relevantes serviços prestados à sociedade. A exemplo de exames em casos de paternidade para a comunidade carente, fruto de um convênio que mantém, desde 1999, com o Tribunal de Justiça de Alagoas. 

O coordenador do laboratório, professor Luiz Antônio Ferreira da Silva, informa que por conta desse convênio já foram realizados no Estado mais de 10 mil exames para casos de paternidade, um serviço ágil e de qualidade. “Desenvolvemos um kit para a coleta de células bucais que vem sendo utilizado pelo Tribunal de Justiça nas comarcas de Alagoas para exames de paternidade, dando mais rapidez aos resultados, e assim agilizando o trabalho da justiça”, destacou. 

Outro serviço disponibilizado para a sociedade é o Banco de Dados para Casos de Identificação de Pessoas Desaparecidas. Apesar de totalmente estruturado para estudos e trabalho nessa área, Luiz Antônio diz que há uma baixa demanda local de solicitação por parte do poder público e da sociedade para esse trabalho. E reforça: “O nosso trabalho depende das informações coletadas por setores competentes para que o Banco de Dados funcione plenamente. É fundamental, portanto, a participação do poder público e da sociedade”. 

No Banco de Dados é realizado o armazenamento das informações de pessoas desaparecidas e familiares , utilizando características pessoais de aparência física como cor dos olhos, altura e cabelos. “Sabemos que é grave a situação de pessoas desaparecidas no Estado e no país e estamos prontos para a realização do trabalho de identificação”, disse Luiz Antônio, doutor em Genética e docente do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS). 

Atendendo solicitação do Exército Brasileiro, os pesquisadores da Ufal desenvolveram um Banco de Dados para armazenagem de informações e comparação do DNA dos membros das Forças Armadas, instalado no Instituto de Biologia no Exército, no Rio de Janeiro. Luiz Antônio aproveita para destacar a participação que teve numa comissão criada pela Câmara Federal que tratou sobre desaparecimento de pessoas, oportunidade em que foi relatada a experiência de funcionamento desse setor em Alagoas. 

Projeção 

A dimensão das pesquisas realizadas em áreas específicas culminou com o lançamento da primeira obra no país dotada de orientações de como entrar na era do DNA da investigação criminal. O livro, denominado de Coleta de Amostras Biológicas em Local de Crimes para Estudo do DNA, de autoria do professor Luiz Antônio Ferreira foi lançado em 2002, pela Editora da Ufal (Edufal), com segunda edição em 2006. A publicação teve a parceria do perito Nicholas Soares, da então Secretaria de Segurança Pública do Estado de Alagoas. 

O dinâmico trabalho realizado levou o professor a ser convidado para a missão promovida pela Secretaria de Direitos Humanos, no Araguaia, com o objetivo de encontrar restos mortais dos desaparecidos políticos durante a ditadura militar no país, projetando ainda mais o Laboratório e a Ufal como referência nacional nessa área. 

Luiz Antônio destaca o convênio firmado com a Secretaria Nacional de Segurança Pública para a formação de recursos humanos visando à implantação de laboratórios nas perícias nos estados do Mato Grosso, Sergipe, Tocantins e Pernambuco. Entre 2006 e 2008, o Laboratório DNA Forense promoveu também, para representantes de 14 estados da federação, o curso de especialização de Genética Forense, área, até então, carente de recursos humanos. 

Aprendizado 

O Laboratório DNA Forense ocupa cinco ambientes do Museu de História Natural da Ufal, localizado na Rua Aristeu de Andrade, no Farol, em Maceió, e suas atividades reforçam o aprendizado dos alunos do curso de Biologia, bolsistas oriundos do programa institucional de iniciação científica (Pibic) e do mestrado em Ciências da Saúde, do ICBS, unidade acadêmica a qual pertence. 

O DNA Forense da Ufal funciona os dois horários e o trabalho desempenhado tem despertado também o interesse de alunos do ensino médio de escolas da capital com o registro de visitas regularmente ao local. O acesso é permitido a quem estiver interessado em conhecer suas ações científicas e o contato de visita ou mais informações, devem ser mantidos pelos telefones: 3214-1618 ou 1621 ou 1622. 

Além do coordenador Luiz Antônio Ferreira, também integram a equipe os professores Francisco Tovar e Dalmo Almeida Azevedo. Como apoio à rotina das atividades do laboratório estão Gustavo Reis, Antônio Carlos Araújo e Iede Ferreira Silva.