Ufal participa de estudo que será lançado pelo MCTI sobre produção de biodiesel

Publicação tem artigo de professoras do IQB e será lançada nesta quarta, 1º, em Brasília

30/06/2015 13h24 - Atualizado em 30/06/2015 às 19h48

Ascoms MCTI e Ufal

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) lança, nesta quarta-feira, 1º, em Brasília, o livro Parâmetros Físico-Químicos para os processos de produção de biodiesel. O secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação, Armando Milioni, fará a abertura do evento. Inédita no Brasil, a publicação fornece dados dos processos de produção e uso do biodiesel para a indústria brasileira e, com isso, preenche uma lacuna na literatura do setor. A obra reúne os principais resultados alcançados por um grupo de pesquisadores do Instituto Nacional de Tecnologia (INT), da Universidade de Brasília (UnB), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). O estudo foi financiado pelo MCTI, via Conselho Nacional de Desenvolvimento Tecnológico e Científico (CNPq).

“A gente está fornecendo dados do comportamento da mistura durante a transformação do óleo em biodiesel para diversas matérias primas. Então, você tem uma ideia de todo o comportamento dela, e pode pensar em melhorias de equipamentos, dos processos, uso de reagentes, rendimento e várias outras coisas a partir desses dados”, explicou o editor-técnico do estudo, Paulo Anselmo Suarez, pesquisador e coordenador-geral do Instituto de Química da UnB. “O livro é mais interessante para quem está lá na ponta. Busca saber como as misturas se comportam. Com o livro, nós temos uma visão da evolução do comportamento dessa mistura ao longo do tempo”, afirmou.

Além de Paulo Anselmo, também é editora do livro a pró-reitora de Pesquisa e Pós-graduação da Ufal, Simoni Meneghetti. Ela e a professora Janaina Bertoluzi, ambas do Instituto de Química e Biotecnologia (IQB), são autoras de um dos capítulos da publicação, com a participação de alunos. Simoni e Janaina fazem parte do Grupo de Catálise e Reatividade Química (Gcar).

O biodiesel foi introduzido na matriz energética brasileira há dez anos. Dois anos antes, em 2003, foi estruturado o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB) do governo federal, ação que envolve diversos ministérios, entre eles, o MCTI. Tendo a Pasta a missão de executar a Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, coube-lhe, no escopo do PNPB, o gerenciamento da Rede Brasileira de Tecnologia de Biodiesel (RBTB). A rede foi criada em 2004 com o intuito de articular a pesquisa e o desenvolvimento do processo de produção desse combustível, identificando e eliminando os gargalos técnicos da área, estruturando uma base científico-tecnológica para dar apoio e orientação ao programa político-social e econômico do governo.

“Até o início da RBTB ou do programa de biodiesel, a gente não tinha disseminado a pesquisa. Hoje, temos grupos de pesquisa implementados em quase todas as universidades do País. Isso traz como consequência a formação de recursos humanos em diversos níveis, superior, pós-graduação e alunos de iniciação científica treinados. Esse é um dos legados mais importantes da Rede”, avaliou Suarez. “Desenvolvemos muito conhecimento. Obviamente, muito disso ainda não se transformou em inovação, não está na indústria, mas pode vir a se tornar importante para o setor. Além disso, você tem a contribuição para a definição de políticas públicas, para fiscalização”, acrescentou.

Cenário

De acordo com Suarez, o biodiesel brasileiro possui hoje uma cadeia produtiva consolidada. “Hoje são produzidos mais de três bilhões de litros de biodiesel. Há dez anos, praticamente não tínhamos produção. Cresceu muito nesses últimos anos, e isso está aumentando mais, tanto para atender ao aumento do consumo de combustível quanto à quantidade adicionada ao diesel”, ressaltou. Segundo ele, em 2005, a quantidade de biodiesel incluída na produção do diesel era de cerca de 2%, e aumentou, gradualmente, para 7%, na atualidade.  “A gente tem notícias de que já está se discutindo autorizar ainda misturas maiores que 7%”, disse.

Para o País, além de ter criado uma nova cadeia produtiva, um novo setor econômico, o biodiesel contribui para a diminuição da importação. A produção trás diversos benefícios econômicos e sociais, desenvolvimento regional, emprego e renda e inclusão social. “Ao substituir o diesel por biodiesel, estamos substituindo a importação. Os benefícios para o País são muito grandes. É uma quantidade enorme de empregos que são gerados, desde o processo agrícola até o imposto”, afirma. O pesquisador aponta o biodiesel como uma alternativa da matriz energética menos maléfica para o meio ambiente. “Existem vários estudos que comprovam a redução de poluentes jogados na atmosfera e a redução da emissão do carbono”, revelou.

Inovação 

Suarez aponta que um dos processos tecnológicos mais utilizados pela indústria atualmente para a produção do biodiesel é a transesterificação. O método consiste na reação química do óleo ou gordura, essencialmente constituído de triacilglicerídeos, com um mono-álcool de cadeia curta na presença de um catalisador, levando à formação de mono-ésteres (conhecidos como biodiesel) e glicerina. “A indústria está muito focada nessa tecnologia. Estudamos o que está no mercado e também inovação”, afirmou.

A publicação aborda esse processo e apresenta métodos alternativos de produção, como o estudo dos parâmetros físico-químicos para a reação de hidroesterificação. “Nós, hoje, temos várias patentes e pesquisas que foram desenvolvidas apontando tecnologias alternativas disponíveis para as empresas. Discutimos a hidroesterificação, que é um processo alternativo que demanda matérias primas de baixa qualidade. A gente espera estar contribuindo para a redução dos custos do processo e, possivelmente, de matéria prima com processos como a hidroesterificação”, disse.

Serviço

Evento: Lançamento e distribuição do livro “Parâmetros Físico-Químicos para os processos de produção de biodiesel”
Data: 01/07/2015
Hora: 10h
Local: Sala dos Conselhos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) - Esplanada dos Ministérios, Bloco E CEP 70067-900 / Brasília – DF