Pesquisadora do Instituto de Química e Biotecnologia toma posse na Academia Brasileira de Ciências

Marília Goulart foi empossada no início deste mês, em solenidade realizada no Rio de Janeiro

22/05/2015 11h45 - Atualizado em 22/05/2015 às 14h50
Professora Marília Goulart ao tomar posse na Academia Brasileira de Ciências

Professora Marília Goulart ao tomar posse na Academia Brasileira de Ciências

Lenilda Luna – jornalista

A pesquisadora Marília Goulart, do Instituto de Química e Biotecnologia (IQB) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), foi recebida com muita alegria e foi bastante cumprimentada pelos alunos e colegas de trabalho, pelo reconhecimento recebido na comunidade científica. No último dia 5 de maio, ela estava entre os novos cientistas empossados na Academia Brasileira de Ciências, em cerimônia realizada na Escola Naval, no Rio de Janeiro.

A mesa da solenidade foi composta por autoridades cariocas, representantes da comunidade científica e pelos ministros da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo e da Educação, Renato Ribeiro. A Academia Brasileira de Ciências (ABC), foi fundada em 1916, e atua como sociedade científica com a missão de contribuir para o estudo de temas voltados ao desenvolvimento da sociedade. É uma das mais antigas e prestigiadas entidades do país.

Marília participou da solenidade, acompanhada pelo marido, Euzébio Goulart, que também é pesquisador do IQB, pela mãe, irmãs, filhos e netos. "Em dezembro do ano passado, eu recebi um e-mail do presidente da Academia, Jacob Palis, comunicando que fui indicada para integrar a entidade. Fiquei muito emocionada. Eu sonhava com isso, porque sempre me pautei pelo conhecimento e dediquei minha vida à pesquisa", disse a pesquisadora.

Ela comunicou a conquista aos alunos e colegas de trabalho e agradeceu em especial à família. "É a família que dá todo o suporte emocional para seguirmos com a carreira", disse Marília. Para a pesquisadora, esse reconhecimento é um incentivo para outros pesquisadores da região. "Aqui no Nordeste, nós temos problemas de visibilidade, de infraestrutura, de recursos. Então a pesquisa se faz com mais dificuldades. Mas conquistas como essa demonstram que é possível produzir com qualidade, com dedicação à Ciência", ressalta Marília.

Sobre a indicação

A indicação para integrar a Academia é um processo rigoroso. "O comitê, liderado por um acadêmico, recebe indicações. É feita uma análise de currículos e os indicados fazem um relato dos trabalhos realizados. Então, o comitê escolhe seis pessoas, é feita uma divulgação, para que os indicados de cada área científica sejam votados pelos cientistas. Justamente por todo esse processo de escolha, que se baseia em produtividade e no reconhecimento dos colegas cientistas, é uma grande honra ser indicada", explicou Marília.

Marília Goulart destaca ainda a importância das mulheres participarem mais do mundo científico. "Na Academia, na nossa área, de 70 membros, 11 são mulheres. É um número reduzido e isso se repete em outras entidades como CNPq, Capes, etc. Principalmente na área de Ciências Exatas, a participação da mulher ainda é pequena. Inclusive, na década de 90, fizemos um estudo aqui na Ufal que resultou no livro Mulheres em Ciência. Já temos alguns avanços, mas a realidade não mudou muito desde então. Mas existe um compromisso das entidades a estimular essa participação feminina", ressaltou a pesquisadora.

Na Ufal, Marília Goulart é a segunda integrante da Acadêmia Brasileira de Ciências. O professor Hilário Alencar foi o primeiro, indicado pelos pesquisadores em Matemática. "Espero que outros colegas pesquisadores recebam essa homenagem significativa para a carreira do cientista. Para a Universidade, é importante também que a instituição tenha pessoas que alcancem esse reconhecimento e demostrem que é possível fazer Ciência de alta qualidade, mesmo com todas as restrições que nós temos. É um exemplo de que é possível conseguir com dedicação, coragem e rigor científico", finalizou a pesquisadora.

Assista ao vídeo e ouça o podcast na Agência Ufal

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