Bosque em Defesa da Vida terá nova urbanização

São quatro projetos apresentados por alunos de Arquitetura, que vão compor as ações de melhoria do bosque

27/03/2015 13h35 - Atualizado em 27/03/2015 às 15h08
Grupo de alunos de Arquitetura que elaborou uma das propostas

Grupo de alunos de Arquitetura que elaborou uma das propostas

Pedro Barros - estudante de Jornalismo

Alunos da disciplina Projeto de Paisagismo 1, do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), apresentaram quatro propostas para a urbanização do Bosque em Defesa da Vida. Localizado no Campus A.C. Simões, próximo ao Restaurante Universitário, a área verde busca homenagear as vítimas de homicídios no Estado e combater a banalização da violência.

A apresentação das propostas foi feita na última semana. Entre os que conheceram as propostas estavam representantes da Pró-reitoria Estudantil, do programa Ufal em Defesa da Vida, a vice-reitora Rachel Rocha e o senhor Sebastião Pereira, pai de uma das vítimas homenageadas pelo Bosque.

Segundo a professora Ruth Vasconcelos, coordenadora do Ufal em Defesa da Vida, as propostas deverão ser implantadas ainda este ano. "Faremos um mix, aproveitando as boas ideias dos quatro anteprojetos", explicou a professora da disciplina, Regina Coeli. 

Um espaço da vida

Os alunos estudaram vários lugares no mundo que representam a morte ou homenageiam vítimas de guerras e genocídios. "Quando essa ideia surgiu, fiquei muito receosa em trazer a questão da morte para a sala de aula. Como os alunos lidariam com essa questão no âmbito disciplinar? No começo, alguns já disseram que nunca falaram ou que não gostavam de falar sobre isso, mas ao longo das aulas, houve um diálogo, todos discutiram e houve um crescimento individual e coletivo no tema", revelou.

Entre os locais estudados, os alunos analisaram um cemitério em Berlim, ligado ao Holocausto dos judeus, o Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, o cemitério franco-americano na Normandia, ligado à Segunda Guerra Mundial, o Cemitério dos Imigrantes, em Florianópolis, o Memorial dos Pracinhas, no Aterro do Flamengo, RJ, e o Parque das Flores, em Maceió.

A proposta, no entanto, não era levar a um tom negativo, nem focar-se na violência. "Quando conversei sobre esse bosque, eu dizia: eu quero que ele represente a vida, represente um espaço de paz, encontro e reflexão, que traga uma pitada de alegria. A concepção do bosque é justamente ressignificar a morte com a vida, a vida presente numa árvore", expressou Ruth Vasconcelos. "A morte inevitável é a morte natural, mas a morte daquelas pessoas podia ser evitada; são mortes injustas e não podem ser banalizadas e não podemos nos acostumar com elas", acrescentou.

Bosque em Defesa da Vida

O Bosque em Defesa da Vida foi criado em 2011, em frente ao Núcleo de Desenvolvimento Infantil (NDI), próximo ao Restaurante Universitário. Foram plantadas cerca de 140 árvores, de diversas espécies típicas da Mata Atlântica alagoana e uma única espécie da África, o baobá. Com significado sagrado para várias religiões indígenas e africanas, elas representam as vítimas da violência no Estado.

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