Laboratório de Educação Física desenvolve equação para detectar sarcopenia

Os pesquisadores também utilizaram o método para avaliar a presença da doença em idosas de Maceió

24/10/2014 13h44
Jackeline Moura e Matheus Damasceno apresentam trabalhos no 37º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, em São Paulo

Jackeline Moura e Matheus Damasceno apresentam trabalhos no 37º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, em São Paulo

Pedro Barros - estudante de Jornalismo 

Entre 2 e 4 de outubro, dois estudantes do curso de Educação Física - Bacharelado da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) apresentaram o resultado de duas pesquisas realizadas pelo Laboratório de Aptidão Física, Desempenho e Saúde (Lafides). Os trabalhos, que focaram na saúde de mulheres idosas, foram expostos em São Paulo, no 37º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte. 

Uma das pesquisas, ambas orientadas pelos professores Amandio Geraldes e Piettra de Moura Galvão Pereira, avaliou um grupo de 160, entre 500 idosas sorteadas, vinculadas a instituições de terceira idade dos bairros da Ponta Grossa, Vergel, Benedito Bentes, Pitanguinha e Mangabeiras. Intitulada "Prevalência de obesidade, sarcopenia e obesidade sarcopênica em idosas de Maceió/AL", a pesquisa, apresentada pela estudante Jackeline Moura dos Santos, detectou obesidade em todas as idosas. 

"A sarcopenia é a perda progressiva e generalizada da força e massa muscular, que ocorre em consequência do envelhecimento. A obesidade sarcopênica é quando esta perda está ligada ao ganho de gordura em excesso", explicou o estudante Matheus Vieira Damasceno, que participou do projeto. 

Vinte e nove por cento das idosas estudadas foram classificadas com obesidade sarcopênica. "A sarcopenia é uma doença silenciosa. Na maioria das vezes só é percebida quando o sujeito começa a apresentar dificuldades na função motora, redução na força, potência, qualidade e quantidade de massa muscular. Isso pode influenciar diretamente, de maneira negativa, o dia-a-dia do idoso, gerando isolamento social, redução da atividade física, depressão e mortalidade", disse o orientador do trabalho, Amandio Geraldes. Segundo o professor, esse é um dos poucos estudos brasileiros a abordar o assunto com uma população específica. 

Matemática da saúde 

O segundo trabalho apresentado foi o desenvolvimento do cálculo usado para verificar a presença de sarcopenia. Apresentado pelo estudante Matheus, em forma de pôster, o projeto foi intitulado "Sensibilidade e especificidade da equação antropométrica para estimativa da massa muscular apendicular em idosas". 

"Desenvolvemos e validamos três equações antropométricas simples para uso em pesquisa de campo. A escolha da equação dependerá da disponibilidade de instrumentos e condições logísticas", informou o professor Amandio. 

De acordo com os pesquisadores, a equação antropométrica é uma alternativa prática e de baixo custo para verificar a presença da doença. Os dados necessários são obtidos por meio da medição da massa corporal, estatura, perímetros corporais, espessura da dobra cutânea da coxa e idade. Segundo Amandio, bastam equipamentos simples para conseguir essas informações, como balança, estadiômetro, fita antropométrica e adipômetro. 

"Para saber se uma pessoa tem ou não sarcopenia, ela deve se submeter a avaliação por um profissional habilitado. São mensuradas as variáveis corporais necessárias e, utilizando-se a equação desenvolvida pelo nosso laboratório, calcula-se a quantidade de massa muscular apendicular (MMA) - a razão da quantidade de massa magra em braços e pernas (em gramas) e a altura do indivíduo elevada ao quadrado (em metros). 

"A equação utilizada apresenta maior poder de identificar corretamente os sujeitos que não possuem sarcopenia, visto que apresenta uma maior especificidade", defende Matheus. 

O professor explica que a equação é mais simples porque não exige exames laboratoriais. "Outra forma de mensurar a massa corporal necessária para diagnosticar sarcopenia, é o escaneamento do corpo inteiro, utilizando-se instrumentos como a absortometria radiológica de dupla energia (DXA - exame popularmente chamado de densitometria óssea), ressonância magnética e tomografia computadorizada. De maneira prática, pode ser identificada pela antropometria, utilizando-se a equação preditiva", disse. 

Conforme o pesquisador, as equações desenvolvidas pelo Lafides foram submetidas a um rigoroso processo de validação cruzada que envolveu, entre outros testes, a comparação estatística com valores de MMA medidos pelo exame DXA. 

Pesquisa 

Os trabalhos apresentados dão continuidade ao principal estudo de dissertação da professora Piettra Pereira, orientado pelo professor Amandio Geraldes, no mestrado de Nutrição, da Faculdade de Nutrição (Fanut), e publicado em 2013 no Nutrition Journal. Além de Matheus e Jackeline, participaram da pesquisa os estudantes Vanessa de Oliveira Ferro, Alan Michael da Silva Alapenha, Igor Fernando Peixoto Correia, Maria da Glória David Silva Costa e Milla Dayanne Leandro da Silva. 

Lafides

O Laboratório de Aptidão Física, Desempenho e Saúde (Lafides) foi criado em 2006 para dar suporte a disciplinas do curso de Educação Física e ao Núcleo de Aptidão Física, Desempenho e Saúde (Nepafides). Coordenado pelo professor Amandio Geraldes, o laboratório auxilia vários projetos de pesquisa de graduação e pós-graduação.