Pesquisa sobre Modelagem Geométrica é premiada em Conferência de Computação

O poster foi considerado o melhor entre os trabalhos de graduação apresentados no SIBGRAPI 2014

25/09/2014 08h01 - Atualizado em 07/10/2014 às 22h27
Augusto (de azul) ao lado do orientador, professor Thales

Augusto (de azul) ao lado do orientador, professor Thales

Lenilda Lunajornalista

Mais uma conquista importante foi alcançada pelos pesquisadores da Ufal em Computação Gráfica, uma área interdisciplinar da Matemática. No final de agosto, durante o SIBGRAPI 2014 (Conference on Graphics, Patterns and Images), promovido pela Sociedade Brasileira de Computação, o trabalho do aluno de licenciatura em Matemática Augusto Cunha alcançou o primeiro lugar entre os trabalhos de graduação apresentados no formato de poster.

O trabalho do aluno foi elaborado em parceria com Leandro Botelho, ex-aluno do Instituto de Computação, atualmente cursando o mestrado na UFF, sob a orientação do professor Thales Vieira, do Instituto de Matemática, com mestrado em Matemática pela Ufal e doutorado pela PUC-Rio. "São reconhecimentos significativos porque essa é uma área recente na nossa universidade. O professor Adelailson Peixoto foi o responsável por introduzir a linha de pesquisa em Computação Gráfica na Ufal, em 2005", relata Thales Vieira.

O pôster apresentado por Augusto Cunha, no Rio de Janeiro, é intitulado "Inserção de detalhes geométricos em superfícies usando parametrizações com reconstrução baseada em gradientes" e trata de uma área que ainda está em desenvolvimento: a modelagem geométrica em três dimensões. "É uma linha de pesquisa com cada vez mais aplicações, por exemplo: na medicina, para visualização e diagnóstico através de imagens médicas tridimensionais provenientes de tomografia computadorizada e ressonância magnética, na indústria do petróleo, principalmente no pré-sal, para evitar que se gaste na ordem de milhões para perfuração de um poço sem a garantia de retorno, e até mesmo na indústria do cinema, onde as animações 3d estão cada vez mais sofisticadas utilizando esses recursos", explica Thales Vieira.

Augusto ficou ainda mais estimulado a seguir adiante nas pesquisas depois de conquistar essa premiação. Mas ressalta que a experiência de apresentar o trabalho no SIBGRAPI já é válida independente de prêmio. "Na apresentação em forma de poster podemos trocar ideias com pessoas da área, ouvir críticas e sugestões, compartilhar descobertas e estudos. Isso é importante porque esses grupos de pesquisa estão cada vez mais colaborativos e precisamos fazer contatos", destacou o aluno.

Embora as pesquisas na área de Computação Gráfica sejam recentes na Ufal, o professor Thales destaca que o grupo de pesquisa vem ganhando visibilidade nacionalmente. "Exemplo disso é o Sibgrapi, que reúne renomados pesquisadores do Brasil e de outras partes do mundo para compartilhar conhecimentos sobre Computação Gráfica, Processamento de Imagens, Visão Computacional e Reconhecimento de Padrões, e foi realizado em Alagoas, em 2011", relata Thales Vieira.

Campo aberto para pesquisadores

A área de Matemática exige talentos específicos. A disciplina, que para a maioria dos jovens, costuma ser a vilã do ensino médio, também pode ser a preferida por alguns. É o caso de Augusto Cunha. Ele passou na seleção para o curso de Matemática, bacharelado, da Ufal, com apenas 16 anos. "Demorei um pouco a encontrar a que linha de pesquisa eu queria me dedicar, então, resolvi mudar para a licenciatura e em seguida conheci a área de computação gráfica em um curso entitulado Computação Gráfica Interativa, ministrado pelo professor Thales Vieira em seu primeiro ano como professor do instituto, assim fiquei interessado nessa área de modelagem computacional. É preciso muito esforço para se concentrar na solução dos problemas no desenvolvimento do projeto, mas apresentar o trabalho em uma Conferência e alcançar o reconhecimento, é uma grande recompensa", comemorou o estudante.

O professor Thales Vieira ressalta que o destaque obtido pelo aluno em uma Conferência na área de Computação Gráfica que é referência internacional é fundamental para estimular os investimentos em pesquisas nessa área e atrair mais talentos. "A área de Computação Gráfica não é fácil, é preciso gostar e ter aptidão em matemática e  computação. Muitas vezes encontramos estudantes com ótimo desempenho em cálculo, álgebra, etc. mas que não se interessam por computação, e vice-versa. Para essa linha de pesquisa, o aluno tem que ser capaz de aliar os dois conhecimentos", indica o professor.

Thales Vieira, que também foi bolsista de iniciação científica durante a graduação na Ufal, sabe bem como é importante incentivar esses novos talentos. "Na matemática, em todas as concorrências para a graduação, a pós-graduação, concurso para professor, etc, sempre temos muitas oportunidades e poucos candidatos. As vagas não são preenchidas porque existem ainda poucas pessoas capacitadas ou interessadas em se capacitar nessa área. Mas acredito que, com essas premiações, vendo os resultados e as aplicações cada vez mais amplas desta linha de pesquisa, mais jovens alunos devem se interessar", considera o professor.

Consulte aqui os trabalhos apresentados no SIBGRAPI 2014. Este ano, o IM vai sediar 7ª Bienal da Sociedade Brasileira de Matemática.