Nutricionista avalia erros alimentares na primeira infância estimulados pela mídia

A nutricionista Pollyanna Fernandes Patriota, alagoana, graduada pela Ufal, mestre em Saúde Materno-infantil pelo Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira e, atualmente, professora da Universidade Federal do Triangulo Mineiro, pesquisa há quase dez anos sobre alimentação infantil e aponta quais são os principais erros cometidos durante o primeiro ano de vida do bebê e as consequências para o seu desenvolvimento.

08/07/2011 11h00 - Atualizado em 13/08/2014 às 11h08
Má alimentação no primeiro ano induz à obesidade e outras doenças. Foto: O diário de Maringá

Má alimentação no primeiro ano induz à obesidade e outras doenças. Foto: O diário de Maringá

Lenilda Luna – jornalista

Segundo a nutricionista, a saúde e a longevidade são definidas durante os primeiros períodos de desenvolvimento na fase intrauterina e no primeiro ano de vida. “A nutrição tem primordial importância neste processo. Sabe-se que doenças do adulto possuem raízes na infância e a desnutrição intrauterina pode favorecer o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, como obesidade, diabetes e hipertensão na idade adulta”, alerta a mestre em Nutrição.
 
Pollyanna pesquisou as consequências de uma alimentação inadequada no primeiro ano de vida para a saúde da criança, que permanecem durante todo o seu desenvolvimento. “Os principais erros alimentares estão relacionados com o desmame precoce e introdução inadequada da alimentação complementar. O Ministério da Saúde publicou em 2010 a versão mais atualizada do guia alimentar para crianças menores de dois anos, o qual se seguido à risca, favorece o desenvolvimento de excelentes hábitos alimentares”, destaca a nutricionista.
 
Pollyana alerta que, ao invés de seguir as orientações do Ministério da Saúde, alguns profissionais arriscam-se em orientar a alimentação da criança de forma errônea. “Os erros mais graves, inclusive, são divulgados amplamente na mídia, pela internet e em programas de televisão. O trabalho do nutricionista acaba sendo tragicamente frustrado, pois não dá para atingir um público tão amplo com o trabalho de educação nutricional que tem sido feito em pequenos grupos nas comunidades, escolas, creches e hospitais”, relata ela.
 
Preocupada com esta divulgação inadequada na mídia, a professora iniciou uma pesquisa para verificar a quantidade e a qualidade dos vídeos divulgados na internet com conteúdos voltados a orientação da alimentação infantil. “Até agora, o que se tem verificado é que os números são alarmantes e a má qualidade das informações é, por diversas vezes, a pior inimiga dos pais que se guiam por essas orientações”, alerta a nutricionista.
 
Os principais erros detectados, segundo Pollyana Patriota, são de profissionais que se dizem chefs ou experts em alimentação infantil, orientando a primeira papinha da criança e demonstrando o preparo. “Eles cometem erros nutricionais absurdos como coar ou peneirar os ingredientes, incluir leite associado a alimentos fontes de ferro, cozinhar legumes com grande quantidade de água, liquidificar o alimento e cozinhar novamente, adição de grande quantidade de sal, misturar todos os alimentos para peneirar, formando caldos”, ressalta a pesquisadora.
 
Essas ações são consideradas inadequadas por interferir na composição nutricional da alimentação da criança, porque diminuem o ferro, o cálcio e densidade energética disponível na alimentação. “Além disso, são orientações que não estimulam o aprendizado para o comportamento alimentar adequado, porque peneirar o alimento leva à perdas nutricionais e, ainda, não favorece o desenvolvimento da mastigação, os alimentos para criança a partir de seis meses jamais deverão ser peneirados ou liquidificados, apenas bem cozidos e amassados”, orienta Pollyana.
 
Ela também alerta sobre o sal em excesso, que é proibido para crianças e adultos, mas principalmente para as crianças por questões de sobrecarga de sódio no sistema renal. “Os pais e cuidadores de crianças precisam ficar atentos para não caírem nessas armadilhas e prejudicarem o desenvolvimento de bons hábitos alimentares e trazer sérios riscos para a saúde das crianças”, aconselha a nutricionista.
 
Mais informações no guia alimentar para crianças menores de dois anos.