Incubadoras dão apoio a empresas que estão nascendo

Nesta espécie de berçário, empresas se preparam para o mercado

21/09/2010 10h57 - Atualizado em 13/08/2014 às 02h13
Gerente Josilan Paulino representando o Programa de Empreendedorismo da Ufal

Gerente Josilan Paulino representando o Programa de Empreendedorismo da Ufal

Fátima Almeida – jornalista da Gazeta de Alagoas*

As incubadoras de empresas são espécies de berçários que abrigam projetos inovadores desde o seu nascedouro, estimulando o seu crescimento, apoiando e fortalecendo a sua estrutura por meio de diversos mecanismos protetores, que vão desde a capacitação para a gestão, aprimoramento tecnológico, até acompanhamento e consultoria jurídica e administrativa, por meio de parcerias com instituições de pesquisa e conhecimento, como as universidades, o CNPq e o Finep, e de fomento, como o Sebrae e o BNB, dentre outras.

Nas incubadoras, as empresas passam de dois a três anos se preparando para enfrentar o mundo competitivo com as próprias pernas. Nesse ambiente, elas contam com importante suporte estrutural, que na maioria dos casos envolve espaço físico, incluindo fornecimento de água, energia elétrica, internet, mobília, segurança e zeladoria, a custo irrisório.

Na Universidade Federal de Alagoas (Ufal), segundo o gerente de incubadoras Josilan Paulino Barbosa, as empresas pré-incubadas têm tudo isso e não pagam nada até os primeiros três meses. Depois disso, ou ao serem incubadas, elas passam a pagar uma taxa gradativa, que começa em R$ 50 e chega a até R$ 150. Após a graduação, que leva, em média, dois anos, elas podem continuar usufruindo da consultoria e do conhecimento da universidade, na condição de associada, mas sem a gratuidade da infraestrutura, que passa a ser alugada.

Seleção

Na própria universidade, inventores e estudiosos encontram, também, o apoio para um procedimento fundamental de proteção ao direito de uso e propriedade da sua invenção: o patenteamento, que é feito com a ajuda do Núcleo de Inovação Tecnológica {NTT), cuja finalidade é, também, orientar e gerir a política e as atividades de inovação internas da instituição, segundo explica a integrante do NIT Ufal, Raimunda Mendes da Rocha.

O processo de seleção das empresas a serem incubadas, segundo Josilan, é feito por meio de edital, onde os projetos inscritos são avaliados por critérios como a viabilidade orçamentaria do produto ou serviço, a demanda de mercado, o grau de inovação e a existência de empreendedor gerenciando o negócio.

As empresas selecionadas assinam um contrato e são instaladas no espaço da universidade, onde funcionam como uma espécie de laboratório, onde alunos bolsistas podem atuar no acompanhamento, em pesquisas e experimentos.

Rede de inovação

As incubadoras são regidas pela Lei Federal n° 10.973, de dezembro de 2004, que dispõe sobre incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo, com vistas à capacitação e ao alcance da autonomia tecnológica e ao desenvolvimento industrial do País.

Em Alagoas, a Lei n° 7.117, de novembro de 2009, vai mais além, dispondo, também, sobre a proteção da propriedade intelectual em ambiente produtivo e social, e incremento ao desenvolvimento econômico e social sustentável do Estado, por meio da promoção da ciência, da tecnologia e da inovação.

Esta mesma lei criou o Sistema Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação de Alagoas, integrado por um Conselho Estadual para esse fim (o Cecti); as secretarias de Estado da Ciência, da Tecnologia e da Inovação (Secti), do Desenvolvimento Econômico, Energia e Logística (Sedec), e de Planejamento e Orçamento (Seplan); a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal); a Agência de Fomento de Alagoas (Afal) e outras instituições públicas e privadas de apoio à inovação tecnológica.

Ideias geniais começam a ganhar corpo

Duas das incubadoras existentes no Estado - que já teve 17 em funcionamento, e hoje tem menos de 10 - estão abrigadas no ambiente da Ufal: a Incubadora de Empresas de Alagoas (Incubai) e o Núcleo Espaço Gente (NEG). Juntas, as duas agregam, atualmente, 16 empreendimentos inovadores em tecnologias científicas (onde se enquadram os projetos de biotecnologia. engenharia, agronomia e informática) e tecnologias sociais (que envolve ONGs e cooperativas que atuam no raio de consultoria empresarial, gestão de conhecimento e negócios sócio-culturais).

Todas essas empresas (são 13 incubadas e 3 pré-incubadas) envolvem, diretamente, mais de 80 profissionais e bolsistas, segundo informou o gerente das Incubadoras da Ufal, Josilan Paulino Barbosa. Algumas delas já tiveram projetos aprovados inclusive fora do Estado, a exemplo da Maiêutica Consultoria, que trabalha com o Sebrae nacional desenvolve projetos de educação l continuada em algumas prefeituras, também fora do Estado e já ensaia colocar o pé fora do País.               

Duas dessas empresas foram selecionadas recentemente no programa Prime, de incentivo à pesquisa, e  receberam, cada uma, R$ 120 mil a fundos perdidos, para Investir em pesquisa e tecnologia. Com esse dinheiro, a Zuq, criada pelos ex-alunos do curso de Tecnologia da Informação da Ufal, Willy Tïengo e Márcio Aguiar, está aprimorando a própria criação: um sistema inteligente de gerenciamento de transporte por meio de software, que pode, quando acionado pelo celular, calcular para o usuário em quanto tempo o seu transporte vai passar no ponto onde ele está.

"É um sistema criado para rastrear os ônibus, gerando informações para os passageiros. Pode se tornar uma ferramenta poderosa a favor do serviço de transportes urbanos", explica Willy. Ele disse que o projeto ainda não tem clientes, e por isso ainda não gerou receita, mas já tem uma parceria com a empresa Veleiro, que pode ser um sinal de interesse da classe empresarial.

Na mesma linha inovadora, a Interacta Química, de Henrique Fonseca Goulart, também enxergou longe, ao desenvolver, por meio dê pesquisas científicas, um produto que atrai para uma armadilha mortal o besouro responsável pela praga nos coqueirais. A invenção já é sucesso entre produtores da cultura do coco, em Alagoas e em outros Estados. Com ele, atuam um bolsista de mestrado e cinco de graduação, além de dois colaboradores.

*matéria publicada na Gazeta de Alagoas, domingo, 19 de setembro

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