Estudante fala das experiências de pós-graduação no Brasil e no exterior

Ketson Santos atualmente faz doutorado na Universidade de Columbia, em Nova York

24/03/2015 13h58 - Atualizado em 06/04/2015 às 12h43
Ketson na paisagem nevada da Universidade Columbia

Ketson na paisagem nevada da Universidade Columbia

Lenilda Luna - jornalista

A vida acadêmica abre muitas oportunidades para os alunos que se dedicam aos estudos e à pesquisa. Ketson Roberto Maximiano dos Santos sabe bem disso. Formado em Engenharia Civil pela Ufal, agora é estudante de doutorado da Universidade da Columbia, em Nova York. Ele compartilhou a experiência para falar dos desafios e, principalmente, para mostrar que, com dedicação e iniciativa, é possível começar a vida acadêmica na Ufal e continuar os estudos em outras universidades brasileiras ou estrangeiras.

A internacionalização é uma meta das universidades brasileiras. Os investimentos no programa Ciências sem Fronteiras e em outras bolsas de intercâmbio permitem aos estudantes, desde a graduação, traçar uma trajetória acadêmica muito mais ampla. No caso de Ketson, a convivência diária com o campus começou muito cedo. "Meu pai é funcionário técnico aposentado da Ufal, então, desde pequeno sempre andei pelo Campus A.C. Simões, porém, minha vida acadêmica se iniciou em 2006, no curso de bacharelado em Física, onde dei os primeiros passos na pesquisa com a orientação do professor Carlos Jacinto, no grupo de fotônica e fluidos complexos", narrou Ketson.

O estudante demonstra que uma carreira acadêmica de sucesso não precisa ser necessariamente linear. É possível fazer algumas mudanças no percurso, quando o estudante vai conhecendo melhor as linhas de pesquisa e se identifica com alguns campos de estudo. "Em 2008, passei a integrar a equipe do LCCV (Laboratório de Computação Cientifica e Visualização) da Ufal e no mesmo ano pedi minha transferência para o curso de Engenharia Civil. Lá tive a oportunidade de trabalhar com o professor Adeildo Ramos, tendo o primeiro contato com áreas como: HPC, Elementos Finitos e Confiabilidade de Estruturas", contou Ketson.

Depois de concluir a graduação, sempre engajado em grupos de pesquisa, Ketson Santos já tinha bagagem para dar sequência à vida acadêmica cursando o mestrado. Esse foi outro momento decisivo para ele. "Eu havia sido aprovado na Ufal, no Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), da UFRJ, e na USP São Carlos. A decisão foi difícil, mas a vontade de estudar a confiabilidade de estruturas me levou a escolher a USP São Carlos. Lá trabalhei com o professor André Beck, que é uma referência na área", revelou o estudante.

Durante o mestrado, em meados de 2012, Ketson Santos teve a oportunidade de trabalhar com o professor Ioannis Kougioumtzoglou, que integrava, à época, a equipe de docentes da Universidade de Liverpool, no Reino Unido. "Ele era referência em uma área que também era totalmente nova para mim, ou seja, mais um desafio. Então vislumbrei a oportunidade de estudar essa área, que é a Dinâmica Estocástica Não-Linear. Este foi o momento certo para me inscrever no programa Ciências sem Fronteiras, no qual tive a bolsa aprovada para Liverpool", relatou.

Logo depois, o professor Ioannis se transferiu para a Columbia University. Mais decisões e mudanças na vida do estudante oriundo da Ufal. "Fiz o pedido à Capes de transferir minha bolsa para a Columbia, enquanto providenciava a documentação e realizava as provas de admissão naquela universidade. Finalmente tudo deu certo e, em outubro de 2014, comecei a jornada na Columbia University e na cidade de Nova York. A Columbia University está localizada no centro de Manhattan e, assim como na cidade de Nova York, a diversidade é uma das características mais interessantes. Em cada esquina, cada sala e em cada prédio temos contato com pessoas de quase todos os continentes e de diversas culturas, etnias e religiões", registrou Ketson.

Esses aspectos culturais são marcantes para os estudantes que fazem intercâmbio internacional. Para além da pesquisa e da rotina acadêmica, conviver com a diversidade de culturas é enriquecedor para o currículo e para a vida pessoal. "É mais interessante ainda quando compartilhamos um pedaço da nossa cultura, seja na língua, na comida ou na música. É gratificante quando alguém de outra cultura se sente interessado pelo seu país. Esse é um papel importante para nós, como brasileiros, na busca por divulgar nossas raízes e nossos conhecimentos mundo afora. Como parte disso, temos uma casa da cultura sul-americana, que ajuda na integração dos estudantes provenientes da América do Sul", informou o estudante brasileiro.

Viver em Nova York tem sido uma experiência gratificante para Ketson. Apesar da sobrecarga de estudos e de uma rotina acadêmica bem cansativa, ele encontra tempo para aproveitar tudo o que a cidade tem para oferecer. "São diversos museus, como o de História Natural que conta com um imenso acervo sobre a história da humanidade e da vida na terra, e que foi cenário do filme Uma Noite no Museu. Também conheci o Metropolitan, o Guggenheim, o MoMa e vários outros. Para mim, um dos maiores atrativos é o Central Park, moro bem próximo e vou lá para abstrair um pouco, ler e caminhar", contou. 

Ketson está bastante empenhado para acompanhar o ritmo de estudos da universidade. "Atualmente estou trabalhando com aplicações de técnicas numéricas utilizadas em soluções aproximadas de problemas de dinâmica estocástica. O ambiente para o desenvolvimento é muito sadio e bastante motivador tanto pelo trabalho, quanto pelos amigos que vamos fazendo durante esse tempo. Atualmente a Columbia University está entre as dez do mundo em reputação, segundo as últimas pesquisas. Além disso, ela é a casa e Alma Mater de prêmios Nobel e de personalidades artísticas e políticas tanto dos EUA quanto de diversos países do mundo, como o atual presidente Barak Obama, entre outros", ressaltou Ketson.

Enfim, para o estudante alagoano, estudar e pesquisar numa universidade renomada, além de morar numa capital multicultural como Nova York, tem sido uma experiência grandiosa. "Tudo isso resulta em um crescimento pessoal e profissional, agregado a um conhecimento cultural bem abrangente e com extensões as quais eu nunca havia imaginado, visto que esta é minha primeira experiência fora do País. Tem sido muito gratificante estar fazendo parte disso e com certeza poderei contribuir bastante com a experiência adquirida nesse lado das Américas", garantiu Ketson Santos.